Sábado, 12 de Setembro de 2015
O empresário Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC, revelou em
depoimentos prestados em Brasília como delator do esquema de pilhagem da
Petrobras que repassou R$ 20,5 milhões em propinas ao PT no intervalo de dez
anos —parte como doação oficial ao partido, parte em dinheiro vivo. Os
pagamentos começaram em 2004, sob Lula. E foram até 2014, sob Dilma.
As revelações vieram à
luz em notícia veiculada na noite desta sexta-feira, no Jornal Nacional. Num
dos depoimentos, ocorrido em maio, Pessoa contou que João Vaccari Neto, o
ex-tesoureiro do PT, chegava para as conversas municiado de informações
estratégicas. Tinha conhecimento das obras da Petrobras e dos valores dos
contratos obtidos pela UTC, sobre os quais cobrava propinas.
Pessoa relatou também
que Vaccari às vezes pedia dinheiro vivo, por fora. Mas não soube
explicar os motivos. O delator retratou o ex-gestor das arcas petistas assim:
“PT na testa, sindicalista, um soldado do partido que queria manter o PT no
poder.”
Só a partir de 2008 a
UTC passou a ser mordida também pelos funcionários da Petrobras, informou
Pessoa. Ele pagava propinas a Renato Duque, então diretor de Serviços, e ao
gerente desse mesmo setor, Pedro Barusco. Segundo Pessoa, Duque foi indicado
para a diretoria da Petrobras pelo grão-petista José Dirceu.
Ouvida, a defesa de
Dirceu reafirmou que ele não indicou Duque. O PT reiterou o lero-lero segundo o
qual todas as doações que recebeu foram legalmente declaradas à Justiça
Eleitoral. Os advogados de Vaccari acusaram o dono da UTC de mentir.
Sustentaram que o ex-tesoureiro petista nunca pediu nem recebeu propinas. Só
teria manuseado doações legais. Barusco reafirmou o teor dos depoimentos
prestados como delator. E o advogado de Duque não foi localizado.
Por: Rebeca Carvalho/UOL