Quinta-feira, 24 de Setembro de 2015
Homem de 63 anos
começou a ler sobre o cangaço ainda jovem, aos 14.
Querido por todos, o 'Lampião da Paraíba' faz sucesso por onde passa.
É no Alto Sertão paraibano, a 480 km de distância da
capital João Pessoa, que vive Laudemiro Fernandes de Almeida. Mais conhecido
como o "Lampião da Paraíba", o morador de São João do Rio do Peixe
começou a se interessar pela história do cangaceiro mais famoso do Nordeste
muito jovem, aos 14 anos. Vestido a caráter, com bota, calça, chápeu de couro,
gibão, cartucheiras e rifle na mão, seu Laudemiro recebeu a equipe da TV
Paraíba, com quem compartilhou parte da sua história.
"Estou muito feliz de viver nessa vida que eu vivo,
incorporada a Lampião", disse Laudemiro ao lembrar que os primeiros
contatos com a vida do "Rei do Cangaço" vieram das histórias contadas
pela avó dele, que relatava o medo que a população tinha do cangaceiro. O
interesse foi tanto que Laudemiro tão logo aprendeu a ler, passou a se
dedicar à história de Virgulino Ferreira da Silva.
"Procurei aprender a ler para poder aprender a
história dele, me dediquei muito lendo. Até hoje eu continuo assim e até os
meus últimos dias de vida será assim", afirma.
Com 63 anos, seu Laudemiro se orgulha de já ter passado
metade da vida vestido como Lampião durante 24 horas por dia. Segundo o
paraibano, a vida dele mudou depois que ele teve um sonho e passou a se vestir
como Lampião. Apesar do passado sangrento de Virgulino Ferreira, o Lampião da
Paraíba é querido por todos os moradores da cidade de São João do Rio do Peixe.
"Laudemiro é uma pessoa que faz os amigos se
aproximarem dele. Uma pessoa que só deseja o bem, apesar de ter essa
característica de Lampião, mas é uma pessoa maravilhosa", disse o
aposentado Zacarias Fernandes, que faz questão de tirar uma foto com seu
Laudemiro sempre que passa por São João do Rio do Peixe.
Devoto do Padre Cícero, o Lampião da Paraíba já foi
casado e ficou viúvo três vezes, mas afirma que nunca encontrou a sua
"Maria Bonita". "Até hoje eu não encontrei uma mulher com esse
perfil, sabe, de Maria Bonita, que tivesse admiração pelo cangaço, se dedicasse
de corpo e alma a essa vida", disse.
Se no imaginário popular impera uma imagem violenta do
Rei do Cangaço, para seu Laudemiro, Lampião foi um exemplo de coragem e luta.
"Durante essa vida minha, vestido de Lampião por
onde eu já passei, certa vez um cidadão em João Pessoa me parou e me perguntou
se eu não achava que era exagero, com tanta violência no Brasil eu fazer
apologia à violência, caracterizado de Lampião. Eu respondi para ele que não,
que eu era uma pessoa que estudava a história do cangaço e que eu era 'cultura
ambulante', até que ele concordou", finalizou Laudemiro.
Do G1 PB

