Terça-feira, 01 de Dezembro de 2015.
Estado já
notificou 248 casos suspeitos de microcefalia.
Mais de 90% das notificações foram de recém-nascidos.
Mais de 90% das notificações foram de recém-nascidos.
Aedes aegypti transmite o Zika vírus
(Foto:
CDC-GATHANY/PHANIE/AFP)
João Pessoa concentra 50,4% dos
casos notificados de microcefalia na Paraíba, com 125 registros de casos
suspeitos. A informação é do segundo boletim epidemiológico da doença,
divulgado nesta terça-feira (1º) pela Secretaria Estadual de Saúde (SES). O
estado já notificou, até 28 de novembro, 248 casos suspeitos de microcefalia,
conforme já havia sido informado
pelo Ministério da Saúde na
segunda-feira (30).
Também foram
notificados 12 casos no Conde, 10 em Alhandra, nove em Sapé, oito em Caaporã,
oito em Pitimbu, seis nas cidades de Bayeux, Monteiro e Santa Rita, cinco em
Pedras de Fogo, três em Rio Tinto e dois nos municípios de Alcantil, Cabedelo,
Cacimba de Dentro, Capim, Itabaiana, Juripiranga, Mamanguape, Salgado de São
Félix e São Miguel de Taipu.
Com um caso
suspeito de microcefalia notificado estão Alagoa Nova, Algodão de Jandaíra, Aparecida,
Arara, Araruna, Baía da Traição, Belém, Bernadino Batista, Boqueirão, Cachoeira
dos Índios, Campina Grande, Catolé do Rocha, Caturité, Esperança Guarabira,
Gurinhém, Itapororoca, Juazeirinho, Juru, Lucena, Mari, Mataraca, Olivedos,
Piancó, Pombal, Queimadas, São Bento, São Domingos do Cariri, São José dos
Cordeiros, Campo de Santana, Tavares e Zabelê.
Segundo o tipo de detecção, 91% das
notificações foram de recém-nascidos, que se enquadraram na definição de caso
suspeito, e as demais foram de gestantes, cujos fetos tiveram seus diagnósticos
através de exames de ultrassonografia. Todos os casos estão sendo investigados
pelas Secretariais Municipais de Saúde, com apoio da SES.
“A maioria dessas notificações foi realizada com
base apenas na medida do perímetro cefálico (PC) igual ou inferior a 33 cm,
independentemente da mãe relatar ou não sinais ou sintomas de doenças
infecciosas durante a gravidez e de exames complementares. Portanto, trata-se
de uma triagem de crianças nascidas a partir de 1º de agosto, que se enquadram
na definição de caso suspeito, a fim de possibilitar o desencadeamento da
investigação e, com isso, concluir um diagnóstico final de confirmação ou
descarte de malformação congênita, conforme protocolo clínico do Ministério da
Saúde”, explicou a gerente executiva de Vigilância em Saúde da SES, Renata
Nóbrega.
Além de ser o
município com maior número de casos suspeitos, João Pessoa também foi o que
mais revisou prontuários, realizando busca ativa retrospectiva nos atendimentos
das maternidades públicas.
O Ministério da Saúde
confirmou no sábado (28) a relação entre o Zika vírus e o surto de microcefalia na região Nordeste. O Instituto
Evandro Chagas, órgão do MS em Belém, encaminhou o resultado de exames
realizados em um bebê, nascido no Ceará, com microcefalia e outras má formações
congênitas. Em amostras de sangue e tecidos foi identificada a presença do Zika
vírus.
A microcefalia é uma condição rara em que o bebê
nasce com o crânio do tamanho menor do que o normal. Para crianças que nasceram
com nove meses de gravidez, a doença se apresenta quando o perímetro da cabeça
é menor do que 33 cm – o esperado é que bebês tenham pelo menos 34 cm.
Novos exames
A gerente de Atenção à Saúde da SES,
Patrícia Assunção, também explicou que a SES está seguindo o protocolo de
notificações estabelecido pelo Ministério da Saúde e que assim que o perfil se
encaixa, já é notificado.
"A maioria das notificações foi realizada baseada
apenas na medida do perímetro cefálico igual ou inferior a 33 cm, independente
da mãe relatar ou não sinais de sinotmas de doenças infecciosas durante a
gravidez e de exames complementares", diz o relatório.
Mas o médico Claudio Régis explica que estes
casos notificados vão passar por novos exames, como tomografia e exames de
sangue. "Em 15 ou 20 dias pode-se saber com certeza se têm microcefalia. E
ainda assim pode, no final, não saber o agente que causou", explica. Com
isso, uma parte destes casos pode ser descartado depois dessa investigação.
Antes da
entrevista coletiva em que os dados foram notificados, a secretaria realizou
uma reunião com hospitais e maternidades de referência no estado para
determinar o caminho a ser feito quando as grávidas tiverem suspeita de
que zika ou microcefalia. "É importante as pessoas se cuidarem cada vez
mais para evitar o mosquito transmissor. A população precisa ter cuidado para
não ter mais criadouros", orienta o pediatra e neonatalogista Claudio
Régis.
O diretor do
Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde,
Cláudio Maierovitch, informou que as investigações sobre a relação da infecção
pelo vírus com a microcefalia estão sendo feitas com cautela. "Vocês podem
perguntar se isso fecha a correlação entre as duas coisas, e minha resposta é:
'quase'. Estamos sendo bastantes cautelosos, mas não se encontrou nenhuma outra
causa até o momento. Tivemos uma circulação importante do vírus no Brasil no
primeiro semestre, coisa que aconteceu pela primeira vez na nossa
história", disse Maierovitch.
Do G1 PB