Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2016.
Ahmed Mansour
Qurani Ali tinha um ano de idade à época do assassinato
O Exército egípcio reconheceu
que um tribunal militar do país cometeu um erro ao condenar um menino de quatro
anos à prisão perpétua por assassinato.
Segundo
o coronel Mohammed Samir, porta-voz das Forças Armadas egípcias, a corte
deveria ter sentenciado um jovem de 16 anos com o mesmo nome da criança.
Ahmed
Mansour Qurani Ali foi condenado na semana passada, juntamente com outras 115
pessoas, por suposta ligação com protestos organizados em 2014 por seguidores
da entidade islamita Irmandade Muçulmana.
O advogado
do garoto apresentou documentos que comprovam que o menino era um bebê de um
ano à época dos fatos.
Em
publicação no Facebook, o coronel disse que Ahmed Mansour Qurani Sharara, de 16
anos, deveria ter sido condenado, e não Ahmed Mansour Qurani Ali.
Ainda
não estava claro o que aconteceria com a criança após o reconhecimento do erro.
O
advogado do menino disse que o nome dele foi incluído em lista de suspeitos por
engano – e que oficiais de Justiça não checaram sua certidão de nascimento para
verificar a idade à época do suposto crime.
Ele foi
consequentemente condenado por quatro homicídios, oito tentativas de homicídio
e vandalismo contra bens públicos.
Justiça na berlinda
A
Justiça do Egito está sob críticas constantes desde o golpe militar que derrubou
o presidente Mohammed Morsi em 2013, o que motivou protestos em massa pelo
país.
Morsi,
membro da Irmandade Muçulmana, havia sido eleito nas primeiras eleições
democráticas no Egito desde a deposição do ditador Hosni Mubarak, em 2011. A
escolha desagradou setores seculares, e Morsi acabou derrubado do poder em um
golpe de Estado.
Desde
então, mais de 1.000 pessoas foram mortas e 40 mil teriam sido presas em ações
de repressão a dissidentes.
Muitas
dessas pessoas apoiam a Irmandade Muçulmana, entidade islamita fundada em 1928
e que funcionava como uma ONG, prestando serviços sociais. A entidade foi
banida pela Justiça egípcia em 2013.
Ativistas
seculares também foram processados por infringir a lei antiprotesto do país.
Em 2014,
a ONU (Organização das Nações Unidas) alertou sobre a presença, no Egito, de um
“sistema judicial onde garantias internacionais sobre julgamentos justos
parecem estar sendo crescentemente prejudicadas”.
A
declaração veio após mais de 1,2 mil pessoas serem condenadas à morte em dois
julgamentos em massa “repletos de procedimentos irregulares”, segundo a ONU.
Terra