Quinta-feira, 18 de Fevereiro de 2016.
Após dois anos de seca, quase um
milhão de crianças em países do Leste do continente africano – África Oriental
e Austral – sofre de “desnutrição aguda grave”. O alerta foi feito hoje (17)
pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef.
As
crianças das regiões leste e sul do continente enfrentam uma situação de falta
de alimentos e de água, agravada pelo aumento dos preços, que força as famílias
a pularem refeições e venderem os bens que têm para adquirir alimentos.
A
“desnutrição aguda grave” é definida como fome extrema e é a principal causa de
morte de crianças até 5 anos no mundo, segundo o Unicef.
Angola é
um dos países que desperta a preocupação da ONU. O país tem cerca de 1,4 milhão
de pessoas afetadas por condições meteorológicas extremas e cerca de 800 mil
que necessitam de ajuda alimentar, a maioria nas províncias mais áridas, ao Sul
do país.
A agência
da ONU apelou hoje para aportes financeiros a fundos humanitários de emergência
em sete países, sendo os principais de $ 78 milhões de euros para a Etiópia; $
23,3 milhões de euros para a Angola; e $ 13,4 milhões de euros para a Somália.
“O
fenômeno meteorológico El Niño vai diminuir, mas o custo para as crianças –
muitas das quais já lutavam para sobreviver – será sentido durante anos”, disse
a diretora regional da Unicef, Leila Gharagozloo-Pakkala, citada pela agência
France Presse.
“Os
governos respondem com os recursos disponíveis, mas esta é uma situação sem
precedente. A sobrevivência das crianças depende de ações a serem tomadas
hoje”, acrescentou.
Lesoto,
Zimbabue e a maior parte da África do Sul declararam emergência por causa da
seca.
Na
Etiópia, o número de pessoas que precisam de ajuda alimentar deve aumentar este
ano de 10 milhões para 18 milhões, e no Malaui a situação é a mais grave dos
últimos nove anos: 2,8 milhões de pessoas, o equivalente a mais de 15% da
população, estão em risco de desnutrição aguda grave.
“As
estatísticas são impressionantes”, disse Megan Gilgan, consultora do Unicef. “A
situação deve agravar-se ao longo deste ano e em 2017”.
O Programa
Alimentar Mundial (PAM) já tinha alertado em janeiro que 14 milhões de pessoas
podem ficar sem comida suficiente este ano nestas regiões da África.
Agência
Brasil