Quarta-feira, 06 de Abril de 2016.
Sérgio Moro reconheceu que decisão de
levantar sigilo das escutas pode ter trazido polêmicas e constrangimentos
desnecessários.
Juiz Sérgio Moro. (Foto reprodução)
O juiz Sérgio Moro deu explicações ao ministro do
Supremo, Teori Zavascki, sobre as investigações contra o ex-presidente Lula. Na
semana passada, Teori determinou que moro enviasse o processo ao Supremo por
causa da citação de pessoas com foro privilegiado, para que o STF decida o que
vai analisar e o que fica com Moro. E criticou a divulgação de conversas de
Lula.
Moro reconheceu que a decisão dele de levantar o sigilo
das escutas pode ter trazido polêmicas e constrangimentos desnecessários e
pediu respeitosas escusas ao Supremo Tribunal Federal.
Afirmou que a intenção foi cumprir a regra
constitucional de dar publicidade aos processos - e que seguiu o procedimento
adotado desde o início da Lava Jato. Também negou qualquer finalidade política
com a divulgação.
O juiz declarou que em nenhum momento investigou pessoas
com foro - e disse que divulgou as informações porque as conversas eram
relevantes para as investigações.
Sérgio Moro disse que os diálogos revelaram a tentativa
do ex-presidente de obstrução à Justiça, intimidação e tentativas de
influenciar indevidamente o Judiciário. O juiz destacou que, em razão do
interesse para a investigação, não pode ser considerado o direito de
privacidade do ex-presidente.
Ele citou uma conversa de Lula com o senador Lindbergh
Farias, na qual, segundo o juiz, houve tentativa de intimidar um procurador. E
um diálogo de Lula com o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, em que Moro viu
uma tentativa de atrapalhar a atuação da Receita Federal na Lava Jato.
Mas o juiz afirma que não houve
comprovação de que Barbosa tenha cedido a Lula.
Sérgio Moro afirmou que a conversa com a presidente
Dilma foi divulgada porque o fato de Lula aceitar o cargo de ministro daria
proteção jurídica ao investigado. E que a questão era relevante para a investigação.
Mas que não viu, naquele momento, eventuais e possíveis reflexos para Dilma,
que justificassem enviar os áudios em sigilo ao Supremo.
Do G1