Sexta-feira, 13 de maio de 2016.
Parlamentares pró-Dilma Rousseff
prometeram reagir à decisão favorável ao afastamento da presidente aprovada na
manhã desta quinta-feira, 12, pelo Senado Federal, em Brasília.Um de seus
principais defensores na Casa, o senador paraibano Lindbergh Farias (PT-RJ)
afirmou, em entrevista à BBC Brasil, que não tratará Michel Temer como
presidente– ele assume o cargo interinamente, por até 180 dias, até que o
mérito do impedimento de Dilma seja julgado pelo Senado.
Segundo informações da Folha de São Paulo, a principal estratégia petista será
ressaltar a baixa popularidade de Temer. Segundo levantamento do Datafolha no
início de abril, 61% dos entrevistados defendiam o impeachment de Dilma e 58%
defendiam o impedimento de Temer.
Os petistas enfrentarão, entretanto, a ampla rede de apoio ao peemedebista
formada tanto na Câmara quanto no Senado. Até o PSDB, que relutou em declarar
apoio ao possível novo governo, dá sinais de definição.
"Obviamente o PSDB estará apoiando o próximo governo e esses ministros
indicados" , disse o presidente do partido, Aécio Neves, em entrevista à
BBC Brasilno plenário do Senado. "Estamos prontos para apresentar um novo
e ousado projeto para o Brasil em 2018."
Batalha
Outra frente de ataque petista é tentar influenciar os senadores
que votaram pela admissibilidade do processo, mas ressaltaram, em seus
discursos, não ter opinião formada sobre a culpa ou não de Dilma nas acusações
sobre pedaladas fiscais e decretos sem autorização do Congresso.
"Faremos oposição dura e não vamos reconhecer Temer", disse Lindbergh
Farias. "É um governo ilegítimo, fruto de um golpe."
O afastamento de Dilma Rousseff foi aprovado por 55 votos contra 22. Nos
próximos dias, a Comissão Especial que discutiu o impeachment nas últimas
semanas volta a se reunir no Senado com a mesma composição.
Caberá a ela elaborar um novo parecer, agora chamado de "sentença de
pronúncia", que precisaria ser aprovado por ao menos 41 dos 81 senadores
para que o caso vá a julgamento.Se isso ocorrer, Dilma seria julgada em uma
sessão presidida pelo presidente do STF (hoje Ricardo Lewandowski); serão
necessários os votos de ao menos 54 senadores para que ela perca
definitivamente o cargo.
"O povo está muito desconfiado e esse Senado também funciona muito com a
pressão da opinião pública", argumenta Lindbergh. "Muitos senadores
disseram o seguinte: estou votando na admissibilidade, mas vou deixar meu voto
para depois do julgamento para ver a questão do mérito."
PB Agora