Quarta-feira, 18 de maio de 2016.
Imagens compartilhadas por aplicativos de mensagem são capazes de gerar transtornos; lembrando que essa matéria foi produzida em 16 de outubro de 2015.
Imagem ilustrativa
Fotos de nudez do ator Stênio Garcia, 83, e de sua mulher vazaram
no começo do mês e geraram rebuliço nas redes sociais. Fotografar-se nu não é,
obviamente, um comportamento restrito ao ator. E não só fotografar, mas também
“mandar nudes” – expressão que ficou popular na internet para o ato de enviar
fotos sensuais principalmente por apps de mensagens.
Segundo pesquisa on-line do Instituto Qualibest com 579
pessoas feita no mesmo período, 12% dos entrevistados já compartilharam fotos
ou vídeos da própria nudez na internet. O levantamento reflete a população
internauta brasileira de 16 a 30 anos.
O WhatsApp é o principal aplicativo para esse tipo de troca de mensagens,
escolhido por 87% dos usuários. O Snapchat, em que as fotos desaparecem após
serem vistas, aparece na segunda posição, com 25%.
Na opinião da psicanalista Marielle Kellermann, que pesquisa a relação entre
psicanálise e tecnologia, a instantaneidade dos aplicativos de mensagem
exacerba o exibicionismo. “Eles despertam e potencializam a vontade intrínseca
das pessoas de valorizarem o corpo”, diz.
Origem
“Manda nudes” virou uma expressão popular depois que o
publicitário Vinícius Curi, 27, criou uma página no Tumblr com esse nome. Ali,
ele alterava imagens conhecidas, como o logo da “Sessão da Tarde”, para “Manda
Nude”. As ilustrações viralizaram na rede.
Perigos
Mas existem os riscos de compartilhar esse tipo de
imagens. Entre eles está o vazamento das fotos, que já provocaram casos de
suicídio no Brasil. A ONG SaferNet, que oferece auxílio psicológico a vítimas
do crime, atendeu a 224 casos desse tipo no ano passado, um crescimento de 120%
em relação a 2013.
Isabela (nome fictício), 15, é uma das vítimas da exposição indesejada. Colegas da escola da menina criaram um grupo anônimo no WhatsApp com o objetivo de divulgar fotos íntimas suas para todo o ensino médio. “Eu fiquei muito mal, não tinha conhecimento de que isso poderia me prejudicar para o resto da vida”, desabafou.
Isabela (nome fictício), 15, é uma das vítimas da exposição indesejada. Colegas da escola da menina criaram um grupo anônimo no WhatsApp com o objetivo de divulgar fotos íntimas suas para todo o ensino médio. “Eu fiquei muito mal, não tinha conhecimento de que isso poderia me prejudicar para o resto da vida”, desabafou.
Das denúncias recebidas pela SaferNet, 81% são de mulheres. E a maior parte dos
outros 19% são de homens que marcaram encontros com outros homens e passaram a
ser ameaçados de ter sua orientação sexual revelada.
“Trata-se de uma questão de gênero. Geralmente os homens heterossexuais não
procuram ajuda e não sofrem grande consequência”, afirma a coordenadora
psicossocial da SaferNet, Juliana Cunha.
Por FOLHAPRESS