Domingo, 17 de julho de 2016
Embora a
maioria dos casos de dengue no Brasil ainda seja causada pelo tipo 1 da doença,
cresce em alguns Estados a circulação do sorotipo 2, o mais agressivo dos
quatro vírus existentes. Dados do mais recente boletim epidemiológico do
Ministério da Saúde, com estatísticas de 3 de janeiro até 28 de maio, mostram
que, de um total de 2,2 mil amostras positivas para dengue analisadas em
laboratório neste ano, 6,4% já são do tipo 2, ante 0,7% no ano passado. No
Estado de São Paulo, esse tipo de vírus já é responsável por 13,6% dos casos da
doença, ante 0,5% em 2015.
Além de
ser considerado por especialistas o mais violento dos quatro sorotipos da
dengue, o tipo 2 ainda está relacionado a outro risco no País. Como parte da
população brasileira já foi infectada pelo tipo 1, a ocorrência de uma segunda
infecção por outro sorotipo aumenta o risco de desenvolvimento de uma das
formas graves da doença, que podem levar à morte, como a febre hemorrágica.
Segundo o
infectologista Artur Timerman, presidente da Sociedade Brasileira de Dengue e
Arboviroses, o risco maior em uma segunda infecção pela doença está relacionado
à resposta imunológica do paciente que já contraiu o vírus uma vez. "Como
já existem anticorpos contra um tipo de dengue no organismo, há uma reação
inflamatória exacerbada, que prejudica o organismo, mas que não consegue
neutralizar o novo sorotipo. O risco de desenvolvimento de uma forma grave da
dengue é de 15 a 20 vezes maior quando se trata de uma segunda infecção."
O grande
número de brasileiros infectados pelo tipo 1 nas epidemias de dengue dos
últimos anos é uma das razões que explicam o crescimento dos casos provocados
pelo tipo 2, segundo especialistas. "Como o vírus tipo 1 da dengue está
circulando há muito tempo no Brasil, já temos muitas pessoas imunes a ele.
Quando há o contato dessa população com outro sorotipo, aumenta mesmo o número
desses tipos de casos porque há mais pessoas suscetíveis a ele. E uma segunda
infecção por dengue tem tendência a uma gravidade maior", explica Marcos
Boulos, coordenador de Controle de Doenças da Secretaria Estadual da Saúde.
Além de
São Paulo, outros Estados registram circulação do tipo 2 da dengue acima da
média nacional. No Pará, 33,3% das amostras analisadas correspondem a esse
sorotipo. No Distrito Federal, esse índice é de 26,8% e em Rondônia, de 13,1%.
Agência
Brasil