Sexta-feira, 26 de agosto de 2016
Não ter amigos pode ser tão prejudicial à
saúde quanto fumar. De acordo com um estudo publicado recentemente no periódico
científico Proceedings of the Royal Society B, manter um círculo social pequeno
está associado ao aumento da produção de uma proteína coagulante que pode
causar infarto e derrame.
Em situações “normais”, o aumento
da produção dessa proteína é desencadeado como resposta
a uma lesão ou perda de sangue. No entanto, em
excesso, ela pode prejudicar a saúde ao aumentar a pressão sanguínea e causar o
depósito de gordura nas artérias. Acredita-se que a solidão também haja como um
fator estressante e desencadeante de fibrinogênio no sangue.
No estudo, pesquisadores da
Universidade Harvard, nos Estados Unidos, compararam os níveis da proteína
coagulante fibrinogênio com o número de amigos e familiares na vida de uma
pessoa. Os resultados mostraram que conforme o número de pessoas no círculo
social de alguém diminui, maior o nível de fibrinogênio no sangue. Por exemplo,
pessoas com apenas cinco integrantes em seu círculo social tinham um nível da
proteína 20% maior do que aquelas com 25 integrantes.
Os cientistas concluíram também
que uma redução de 10 a 12 pessoas no círculo social de alguém impacta o nível
do coagulante da mesma forma que o tabagismo. Uma possível explicação para isso
é que o isolamento social faz com que as pessoas se sintam tão ameaçadas e
vulneráveis a ponto de desencadear uma resposta fisiológica que pode ser letal
no longo prazo.
“A ‘desconexão’ social mostra uma
associação significativa com o fibrinogênio. Se de fato há uma relação causal
entre isolamento social e fibrinogênio e, posteriormente, doença cardíaca e
derrame, então políticas e intervenções que melhorem a conexão social pode ter
efeitos positivos sobre a saúde ,
que vão além dos benefícios econômicos já conhecidos.”, disse David Kim, autor
do estudo.
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