Sábado, 03 de dezembro de 2016
Ao
participar hoje (1º) do 2 º Seminário Dengue, Chikungunya e Zika: Desafios na
Atenção à Saúde na Chikungunya, no auditório da Escola Nacional de Saúde
Pública (Ensp/Fiocruz), em Manguinhos, no Rio, o diretor regional da Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Mato Grosso do Sul, Rivaldo Venâncio, disse que
epidemias das doenças zika e chikungunya, ambas transmitidas pelo mosquito
Aedes aegypti, serão ainda maiores no verão de 2016/2017 do que foram na última
temporada.
Segundo o pesquisador, que é especialista em medicina tropical,
o número de casos este ano já subiu significativamente em relação ao ano
passado.
“Em 2015, foram identificados 38 mil casos de zika e de
chikunguya. Neste ano, o número subiu impressionantemente para 255 mil. Só o
estado do Rio já teve mais de 15 mil casos da doença até o mês de outubro.
Claro que durante os meses em que o calor foi menor e com menos chuvas, a
velocidade da transmissão diminuiu, mas agora estamos prestes a entrar no
verão. E com ele, voltam as altas temperaturas e as chuvas intensas, que são
condições mais do que ideais para a proliferação da doença. Como ainda não
combatemos esses vírus da maneira adequada, uma epidemia ainda maior se anuncia
para os próximos meses”, disse.
O objetivo do encontro é discutir uma proposta para capacitação
de profissionais da área de saúde na abordagem das três doenças. Venâncio disse
que os profissionais de saúde, embora sejam capacitados, precisam de uma
atualização em seus conhecimentos para saber lidar melhor com este cenário de novas
doenças.
De acordo com Venâncio, a transmissão da febre do Mayaro, doença
infecciosa aguda causada por vírus, que provoca sintomas semelhantes aos da
chikungunya, pelo Aedes aegypti ainda não pode ser confirmada. O pesquisador
explicou que o vírus é transmitido majoritariamente por mosquitos silvestres,
conhecidos como Haemagogus.
“Isto é, de áreas rurais, de matas e etc. O que houve foi que,
em estudos preliminares, foi constatado um potencial do Aedes como vetor do
vírus. Esses estudos ainda precisam passar por aprofundamento. A preocupação é
com o que chamamos de tríplice epidemia: dengue, zika e chikungunya. Claro que
o Rio de Janeiro, por ter a peculiaridade de possuir uma fatia da Mata
Atlântica, misturada ao seu espaço urbano, poderia apresentar a presença do
Haemagogus, mas isso é algo que também precisa ser analisado com maior
cuidado”, afirmou o diretor..
“Nem o sistema público e o privado estão preparados para essa
epidemia. Especialmente a zika e a chikungunya que, diferentemente da dengue,
exigem uma abordagem multiprofissional. Claro que temos profissionais altamente
capacitados, mas há a necessidade da atualização de seus conhecimentos para o
manejo clínico, seja com cursos de capacitação na área ou alguma outra ideia.
Isso que será discutido aqui ao longo de hoje e amanhã”.
EBC