Quinta-feira, 02 de março de 2017
Uma erosão gigantesca
na Sibéria pode ser um portal para mundo de 200 mil anos atrás. Conhecida como
“boca do inferno”, a cratera Batgaika está surgindo entre a paisagem local
conforme o pergelissolo derrete e se torna uma mistura de água e gás metano.
A nova cratera revela as mudanças climáticas pelas quais a região
passou, carcaças animais enterradas há muito tempo e florestas petrificadas, de
acordo com o “The Sun”. O buraco de um quilômetro de largura e mais de 85
metros de profundidade aumenta entre 10 e 30 metros a cada ano, conforme o gelo
derrete.
Pesquisa publicada recentemente afirma que, apesar da grande liberação
de gases de efeito estufa decorrente da erosão, as camadas estratificadas na
parede do buraco apresentam informações importantes quanto ao histórico
climático do ecossistema.
Preservadas entre o pergelissolo estão camadas de pólen, revelando que
um dia a tundra já cobriu o local. Além disso, dois aglomerados de tocos de
árvores sugerem que a área abrigava uma floresta densa. Entre as carcaças
encontradas estão mamutes, bois-almiscarados e até um cavalo de mais de quatro
mil anos atrás.
Todos os fatores
combinados formam um panorama das mudanças climáticas graduais ao longo de
dezenas de milhares de anos. Os pesquisadores esperam que esse panorama os
ajude a prever o que está por vir nas próximas décadas.
De acordo com o professor da Universidade de Sussex, especialista na
ciência do pergelissolo, Julian Murton, a última vez que a Sibéria foi palco do
surgimento de “bocas do inferno” foi há dez mil anos, quando a última Era do
Gelo chegou ao fim.
“Essa cratera deve
ter se formado quando o pergelissolo derreteu durante um episódio anterior de
aquecimento climático”, supõe Murton. Naquela época, a presença de gases de
efeito estufa na atmosfera eram muito mais baixos do que hoje em dia.
Atualmente, a saturação é de 400 por milhão de CO2. Naqueles tempos era 280
partes por milhão.
IG