Domingo, 08 de outubro de 2017
O presidente Michel Temer
(PMDB) participa do Fórum Brasil de Investimentos 2017, em São Paulo -
30/05/2017 (Nelson Almeida/AFP)
O presidente Michel Temer concluiu a compra de dois terrenos que
somam 4.700 metros quadrados em condomínio de luxo em Itu (SP) um dia após ter
recebido, segundo as delações da J&F, propina por meio de um amigo. O
condomínio Terras de São José II possui 20 quadras de tênis, dois campos de
futebol, academia de golfe, centro hípico e heliponto, informa o jornal El
País.
Executivos da J&F afirmam que entregaram, em 2 de setembro de 2014, R$ 1
milhão em espécie ao coronel João Baptista Lima Filho, amigo do presidente e
considerado o mais antigo operador de propinas de Temer pela Lava Jato. Os
delatores sustentam que esse pagamento era destinado ao peemedebista e fazia
parte de um acerto de R$ 15 milhões feito pelo grupo com o então
vice-presidente.
No dia seguinte ao repasse, a Tabapuã Investimentos e Participações, empresa de
Temer, comprou dois terrenos no condomínio por R$ 380 mil e R$ 334 mil,
respectivamente. Conforme a reportagem, diferentemente do que ocorre em
escrituras do gênero, não foram discriminados nos registros como foram feitos
os pagamentos pelos imóveis.
Amizade e negócios
De acordo com El País, desde 2013 Temer havia autorizado outro amigo, o
advogado José Yunes, a controlar e movimentar as contas de sua empresa. Yunes
foi assessor especial do presidente no Palácio do Planalto até ser citado nas
delações de executivos da Odebrecht também como operador do peemedebista.
A reportagem mostra uma série de transações imobiliárias entre Yunes e Temer.
Nas delações da Odebrecht, o advogado é apontado como destinatário de R$ 1
milhão em espécie em data não especificada entre agosto e setembro de 2014.
Yunes afirma que recebeu apenas um “pacote” a pedido do ministro-chefe da Casa
Civil, Eliseu Padilha.
O Palácio do Planalto negou, por meio de nota, qualquer irregularidade nas
transações imobiliárias. “Transações registradas em cartório, declaradas no
imposto de renda são lícitas, não restando nenhuma dúvida sobre a legalidade da
compra dos terrenos pelo presidente”, diz o comunicado. O presidente também afirma
que jamais recebeu propina ou qualquer outra vantagem indevida.
O grande número de imóveis em nome de Temer e a repetição de nomes de advogados
apontados por delatores como intermediários de propina têm levantado a suspeita
de investigadores da Lava Jato. Diz trecho da reportagem:
“As propriedades no condomínio de luxo em Itu são as últimas joias do
portentoso conjunto imobiliário de Temer. Ele possui 20 imóveis, alguns
herdados da família. Duas salas comerciais e a casa onde mora em São Paulo
foram transferidos para o filho Michelzinho, mas Temer continua usufrutuário
até que o herdeiro complete 30 anos. Esse patrimônio passou a chamar atenção
dos investigadores depois que o doleiro Lúcio Funaro, considerado operador de
propinas do PMDB, afirmou em acordo de delação premiada que Temer adquiriu
imóveis para lavar dinheiro e esconder a origem ilícita de repasses de propina.
Funaro chegou a afirmar que Temer tinha o andar inteiro de um prédio comercial
na Avenida Faria Lima, o endereço mais caro para propriedades comerciais na
capital paulista”.
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