Domingo, 19 de agosto de 2018
Morreu neste sábado (18), aos 80 anos,
Kofi Annan, ex-secretário-geral daOrganização das Nações Unidas
(ONU) e Prêmio Nobel da Paz.
Annan, de nacionalidade ganense, morreu
durante esta madrugada em um hospital em Berna, na Suíça, informou a fundação Kofi Annan nas redes
sociais.
A causa da morte ainda não foi
divulgada.
O atual secretário-geral da ONU,
Antonio Guterres, escolhido por Annan para chefiar a agência de refugiados da
organização, conta em um comunicado o que ele representava para as Nações
Unidas.
“De muitas maneiras, Kofi Annan era as
Nações Unidas. Ele subiu nas hierarquias para liderar a organização no novo
milênio com inigualável dignidade e determinação ”, disse.
Trajetória
Economista, educado nos Estados Unidos e na Suíça, no comando da
ONU tratou de temas até então considerados periféricos: a pobreza, o drama dos
refugiados, o subdesenvolvimento e a aids.
Kofi Annan foi o primeiro negro a
assumir o cargo de chefe da ONU, onde ficou por dois mandatos, de 1997 a 2006.
Em 2001, ele e as Nações Unidas
receberam em conjunto o Prêmio Nobel da Paz. Annan foi elogiado por ser
“preeminente em trazer vida nova para a organização”.
Durante a sua gestão na ONU, o
ex-secretário e seu departamento foram criticados por retirarem as tropas de
manutenção da paz de Ruanda em pleno
caos e violência étnica, em 1995. No ano seguinte, a organização também não
conseguiu impedir que as forças sérvias matassem milhares de muçulmanos em Srebrenica,
na Bósnia.
Anos depois, no 10º aniversário do
genocídio, Annan reconheceu suas falhas. "Na época, acreditei que estava
dando o melhor de mim. Mas eu percebi depois do genocídio que havia mais que eu
poderia, e deveria ter feito, para soar o alarme e apoio. Essa memória junto
com a da Bósnia, é dolorosa, influenciou muito do meu pensamento, e muito das
minhas ações, como secretário-geral”, disse em 2004.
Em sua entrevista de despedida das
Nações Unidas, ele contou que a invasão dos Estados Unidos ao Iraque
em 2003 foi um de seus piores momentos no cargo.
"O pior momento foi a guerra do
Iraque que, como organização, não pudemos deter embora tenhamos feito tudo para
isto", disse.
Legado pós ONU
No ano de 2007, ele criou a Fundação
Kofi Annan, onde mobilizou a vontade política para superar as ameaças à paz, ao
desenvolvimento e aos direitos humanos. No mesmo período, ele se juntou ao
grupo de elite de ex-líderes fundados por Nelson Mandela, conhecido como The Elders, o
objetivo era resolver a guerra civil na Síria.
Posteriormente, Annan serviu como
enviado especial da ONU na Síria, e liderou
esforços para encontrar uma solução pacífica para o conflito.
Annan voltou sua atenção para o futuro,
estabelecendo os Objetivos do Milênio, um conjunto
de metas a serem cumpridas até 2015, de reduzir à metade as taxas de
pobreza extrema para deter a disseminação da aids.
Outro momento marcante na luta de Annan
pelos diretos humanos foi o acordo do Quênia, em 2008. Naquele momento, o país
enfrentava uma grave crise política e social e o ex-secretário foi o mediador
entre o governo e a oposição.
Fonte: G1