Quarta-feira, 05 de setembro de 2018
A Polícia Civil de Pernambuco confirmou a informação, publicada exclusivamente
pela Folha de Pernambuco nesta terça-feira (4), sobre a confissão da
farmacêutica Jussara Paes, de 55 anos, pelo assassinato e ocultação do cadáver
do médico cardiologista Denirson Paes. No novo depoimento, prestado na última
segunda (3), na Colônia Penal Feminina, a esposa do médico afirmou que fez tudo
sem a ajuda do filho mais velho do casal, o engenheiro civil Danilo Paes, 23.
Segundo
a Polícia Civil, as investigações se concentram, a partir de agora, em
verificar a veracidade das novas informações prestadas por Jussara. Pontos do
depoimento da farmacêutica serão confrontados em diligências. A polícia afirmou
ainda que só irá se pronunciar ao final do trabalho.
A
nova versão contada por Jussara Paes foi dada três dias depois de a Polícia
Civil apresentar a conclusão do inquérito e indiciar a esposa do médico e o
filho Danilo na última sexta-feira (31). Ambos foram acusados pelos crimes de
homicídio e ocultação de cadáver.
O
processo mostrou que Jussara havia descoberto um relacionamento extraconjugal
de mais de cinco anos de Denirson com a filha de um paciente, o que teria sido
uma das motivações para o crime, cometido na madrugada de 31 de maio. Um áudio
divulgado pela polícia no mesmo dia mostrou Danilo implorando à mãe para que
ela esclarecesse a morte do pai e “contasse toda a verdade”, pois ele “precisa
da vida de volta”. O inquérito da polícia indicou que tanto Danilo quanto
Jussara apresentavam fortes dores na coluna nos dias seguintes ao crime.
Segundo
o advogado da acusada, Alexandre de Oliveira, o depoimento de uma nova
testemunha pode ajudar o filho mais velho do casal. O profissional ressalta que
Jussara fez tudo por emoção. “Tudo o que ela fez foi (…) com base no descobrimento
da amante”, afirmou Alexandre Oliveira.
Entenda o caso
Em
meados do último mês de junho, teve início a investigação do desaparecimento do
médico cardiologista Denirson Paes da Silva, 54 anos. A esposa dele, a
farmacêutica Jussara Rodrigues Silva Paes, 55, alegou, em Boletim de Ocorrência
registrado no dia 20 de junho que o marido teria viajado para o exterior e não
havia retornado.
A
delegada Carmem Lúcia desconfiou do envolvimento dos familiares no
desaparecimento do médico e solicitou um mandado de busca e apreensão no
condomínio em que eles moravam, em um condomínio de luxo localizado em Aldeia,
Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife (RMR).
Na
busca policial, em 4 de julho, foram encontrados os primeiros restos mortais do
médico na cacimba da residência. Para a polícia, havia indícios suficientes da
participação de mãe e filho na ocultação do cadáver de Denirson.
Em
5 de julho, Jussara e Danilo foram presos temporariamente suspeitos de
ocultação de cadáver. Danilo foi encaminhado para o Centro de Observação
Criminológica e Triagem Professor Everaldo Luna (Cotel), em Abreu e Lima,
também na RMR. Jussara, por sua vez, foi levada para a Colônia Penal Feminina
do Recife.
Os
três pedidos de habeas corpus feitos pela defesa de Jussara e Danilo foram
negados. No último dia 20 de agosto, um laudo do Instituto Médico Legal (IML)
apontou asfixia por esganadura como a causa da morte do cardiologista. Na
última quarta-feira (29), o inquérito foi concluído e remetido pela delegada
Carmem Lúcia ao Ministério Público de Pernambuco, também solicitando a prisão
preventivamente da esposa e do filho, que foram indiciados por homicídio
triplamente qualificado e ocultação de cadáver.
Na
última sexta-feira (31), a Polícia Civil de Pernambuco apresentou a conclusão
do inquérito do caso, que foi enviado e aceito pelo Ministério Público. Jussara
e Danilo foram apontados como culpados de matar Denirson por esganadura e jogar
o corpo do médico na cacimba da casa. Segundo o inquérito, Jussara descobriu
uma traição do marido no mesmo dia que o matou.
Fonte: Folha de Pernambuco