Domingo, 19 de abril de 2020
Volume de chuvas entre os meses
de abril e maio pode fazer com o reservatório sangre, diz Aesa. Bombeamento de
águas da Transposição do Rio São Francisco está suspenso.
Após três anos da transposição na PB, açude de Boqueirão pode sangrar com águas de chuvas em 2020 — Foto: Artur Lira/TV Paraíba
No dia 18 de abril de 2017 as águas da transposição do Rio São Francisco se encontram com o espelho d'água do açude Epitácio Pessoa, em Boqueirão, município do Cariri
paraibano. Passados três anos, o bombeamento das águas do Velho Chico está
suspenso e o manancial passa dos 60% do volume por causa das fortes chuvas que
caíram na região do Cariri da Paraíba e podem fazer com que o reservatório sangre.
Mesmo sem datas
definidas, se o índice de chuvas do estado continuar semelhante ao primeiro trimestre deste ano, entre os meses de
maio e abril, existe a possibilidade de que o açude de Boqueirão sangre ainda
em 2020, segundo o presidente da Agência Executiva de Gestão das Águas (Aesa),
Porfírio Loureiro. “Vai depender da intensidade das chuvas”, explicou.
O manancial sangrou
pela última vez em 2011 e já registrou, pelo menos, 18 sangrias. Elas foram notificadas nos anos de
1967, 1968, 1973, 1974, 1975, 1976, 1978, 198, 1984, 1985, 1986, 1989, 1999,
2004, 2005, 2006, 2008, 2009 e 2011.
Sangradouro do açude de Boqueirão, PB, em 2011 — Foto: TV Paraíba/Reprodução
Ainda segundo dados do órgão, o esquema de bombeamento no reservatório foi suspenso em fevereiro de 2019 e retomado em março deste ano. Mas precisou ser interrompido novamente desde o
último dia 6 de abril, por causa de problemas causados pelas chuvas na
estrutura do rio Moxotó, que banha os estados de Alagoas e Pernambuco. A
previsão é que o serviço seja retomado no próximo dia 8 de maio.
Para o ministério do Desenvolvimento do
Desenvolvimento Regional (MDR), ele foi suspenso no açude de boqueirão em
fevereiro de 2019 e retomado após um ano, em fevereiro de 2019.
Quando bombeamento foi suspenso em
fevereiro do ano passado, o reservatório tinha 20,18% (94.159.227m³) da
capacidade total. Em nove de janeiro deste ano chegou a 14%, quando começou a ser reabastecido pelas chuvas do primeiro trimestre de 2020.
Do dia nove de janeiro até este sábado
(18), o volume do manancial mais que quadruplicou e atingiu a marca de 63,43%
(295.937.282m³) da capacidade. Os 49,43% a mais foram abastecidos por meio de
chuvas.
Segundo trimestre de
2020 tem previsão de chuvas acima da média na PB, diz Aesa
A previsão do setor
de meteorologia da Aesa para o primeiro trimestre deste ano foi de chuvas
dentro da média histórica no semiárido paraibano, que contempla as regiões do
Alto Sertão, Sertão e Cariri/Curimataú.
Conforme a meteorologista Marle
Bandeira, a previsão é de que até julho a incidência de chuvas esteja dentro ou
acima da média histórica nas regiões do Agreste e Litoral paraibanos.
Paraíba tem 14
açudes sangrando e 15 em situação crítica, diz Aesa
Pelo menos 14 açudes
da Paraíba estão sangrando neste sábado (18), conforme dados divulgados no site da Aesa. Entre os açudes que estão com mais de 100% da
capacidade estão Pocinhos e São José II, localizados no município de Monteiro.
Dos 134 açudes monitorados pela
instituição, 80 estão com capacidade superior a 20% do volume total. Já 25 ainda
estão em observação, com menos de 20% do volume e 15 estão em situação crítica,
com menos de 5% do volume.
Entre os açudes em situação crítica
estão os reservatórios Mamanguape e Minhã, localizados nos municípios de São
Sebastião de Lagoa de Roça e Puxinanã, no Agreste do estado. Ambos estão secos.
Águas da
transposição do São Francisco chegaram à Paraíba em março de 2017
Era noite do dia 8
de março de 2017, uma quarta-feira, quando, por volta das 18h20, as águas do
Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF) ultrapassaram a divisa do
vizinho estado de Pernambuco e chegavam à Paraíba, na cidade de Monteiro, localizada no Cariri do estado.
Dez dias depois, as águas do Velho
Chico chegaram ao açude de Boqueirão, como o reservatório é popularmente
conhecido. O manancial possuía apenas 2,9% da capacidade total. De acordo com a
Agência Executiva de Gestão das Águas (Aesa), o volume foi o pior registrado desde o fim da década de 1950.
O projeto, que contempla 35 cidades da
Paraíba e de Pernambuco, representou a garantia da segurança hídrica para
aproximadamente um milhão de pessoas que se beneficiaram dele, conforme dados
técnicos do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR).
Na Paraíba, o Epitácio Pessoa, que é
segundo maior do estado, é responsável pelo abastecimento de Campina Grande e
outras 18 cidades paraibanas. Os 19 municípios enfrentavam um racionamento no abastecimento de água, que foi suspenso na noite do dia 25 de agosto de 2017, quando o reservatório atingiu a marca de 8,2% do volume total.
Canal da transposição do São Francisco construído onde eram as terras dos agricultores em Monteiro, na PB — Foto: Érica Ribeiro/G1
Caminho do São Francisco
na Paraíba
A água da
transposição do Rio São Francisco chega à cidade de Monteiro, na Paraíba,
através do eixo leste. Neste trecho, a água é captada na cidade de Petrolândia,
no Sertão de Pernambuco e viaja por 208 quilômetros até chegar a cidade paraibana.
Depois de chegar a Monteiro, as águas
da transposição vão para o Rio Paraíba e através dele segue pelos açudes de São
José I e Poções, ainda na cidade de Monteiro; pelo açude de Camalaú; pelo açude
de Boqueirão; pelo açude de Acauã, em Itatuba; pelo açude de Araçagi e depois
segue para um perímetro irrigado no município de Sapé.
Conforme o MDR, o
eixo Leste foi projetado para levar água para cerca de 4,5 milhões de pessoas
em 168 municípios que sofrem com a seca prolongada em Pernambuco e na Paraíba.
Por: Por Iara Alves, G1 PB