Domingo, 12 de junho de 2022
Homem de 29
anos viajou para Espanha e Portugal e teve as primeiras lesões na pele ainda na
Europa. Primeiro caso confirmado também é de um homem que viajou ao continente
europeu.
Em nota divulgada na quarta (8), o Ministério da Saúde informou que oito casos estão em investigação em todo o país. (Foto: Reprodução)
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo confirmou o segundo caso de
varíola dos macacos no Brasil. Trata-se de um homem de 29 anos que viajou à
Europa e está isolado em sua casa em Vinhedo, interior de São Paulo.
A Vigilância Epidemiológica do município, em parceria com o governo do
estado, monitora o caso e seus respectivos contatos.
O caso é considerado importado, já que o paciente tem histórico de
viagem para Portugal e Espanha e teve os sintomas e as primeiras lesões na pele
ainda na Europa. O resultado positivo só foi confirmado por um laboratório
espanhol após o desembarque no Brasil, ocorrido no dia 8 de junho.
O primeiro caso da doença no país foi confirmado na quinta-feira (9)
pelo Instituto Adolfo Lutz. O paciente, um homem de 41 anos que viajou à
Espanha, segundo país com o maior número de casos da doença, foi colocado em
isolamento no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, na Zona Oeste da capital.
Ele tem bom estado clínico.
Em relato à TV Globo, o paciente afirmou que está bem. “Eu já contei 60
feridas, mas estou ótimo. Não há motivos para pânico. Eu não vejo a hora de
sair daqui para voltar ao trabalho. Aliás, eu já até trabalhei daqui do
hospital."
Todas as pessoas que tiveram contato com o paciente estão sendo
monitoradas.
"Não estou preocupado em ser visto como o primeiro brasileiro com
varíola dos macacos. Quero poder mostrar às pessoas que estou bem, que fui e
estou sendo cuidado por excelentes médicos. Que um momento de dor sirva para a
ciência brasileira desenvolver proteção a todos. A melhor proteção é a
informação verdadeira. Sou a favor da ciência e aceito participar de
pesquisas", afirmou.
Além deste caso, a Prefeitura de São Paulo informou que monitora o
estado de saúde de uma mulher de 26 anos, sem histórico de viagem ao exterior,
hospitalizada com suspeita de ter contraído a doença. Segundo o prefeito
Ricardo Nunes (MDB), a paciente passa bem. Familiares e pessoas próximas à ela
também estão sendo acompanhados pela gestão municipal.
Em nota divulgada na quarta (8), o Ministério da Saúde informou que oito
casos estão em investigação em todo o país. Segundo a pasta, Ceará, Mato Grosso
do Sul, Rio Grande do Sul e São Paulo têm um caso suspeito cada um, e há ainda
dois casos em monitoramento em Rondônia e outros dois em Santa Catarina.
No domingo (5), a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou ter
confirmado 780 casos de varíola de macacos em todo o mundo. Os dados
correspondem ao intervalo entre 13 de maio e 2 de junho e leva em conta apenas
pacientes identificados em locais em que a doença não é endêmica. Segundo a
entidade, não houve mortes relatadas.
Nota Secretaria da Saúde
"A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo confirmou nesta
quinta-feira (9) o primeiro caso de Monkeypox no Brasil. A confirmação ocorreu
pelo Instituto Adolfo Lutz após realização de diagnóstico diferencial de
detecção por RT-PCR do vírus Varicela Zoster (com resultado negativo) e análise
metagenômica do material genético, quando então foi identificado o genoma do
Monkeypox vírus.
O caso é um homem de 41 anos, residente da Capital, com histórico de
viagem para a Portugal e Espanha, e que está internado no Instituto de
Infectologia Emílio Ribas, em bom estado clínico. Todos os contatos do paciente
estão sendo monitorados pelas equipes de vigilância.
O Centro de Vigilância Epidemiológico (CVE) estadual e a prefeitura de
São Paulo também investigam desde a semana passada um outro paciente, uma
mulher de 26 anos, também moradora da Capital.
Sobre Monkeypox (varíola do macaco)
A Monkeypox é uma doença viral rara transmitida pelo contato
próximo/íntimo com uma pessoa infectada e com lesões de pele. Este contato pode
ser exemplo pelo abraço, beijo, massagens, relações sexuais ou secreções
respiratórias próximos e por tempo prolongado. A transmissão também ocorre por
contato com objetos, tecidos (roupas, roupas de cama ou toalhas) e superfícies
que foram utilizadas pelo doente. Não há tratamento específico, mas de forma
geral os quadros clínicos são leves e requerem cuidado e observação das lesões.
Os primeiros sintomas podem ser febre, dor de cabeça, dores musculares e
nas costas, linfonodos inchados, calafrios ou cansaço. De 1 a 3 dias após o
início desses sintomas, as pessoas desenvolvem lesões de pele que podem estar
localizadas em mãos, boca, pés, peito, rosto e ou regiões genitais.
Prevenção:
- Evitar contato próximo/íntimo com a pessoa doente até que todas as
feridas tenham cicatrizado;
- Evitar o contato com qualquer material, como roupas de cama, que tenha
sido utilizado pela pessoa doente.
- Higienização das mãos, lavando-as com água e sabão e/ou uso de álcool
gel.
Mundo
A OMS disse que a varíola dos macacos traz um "risco moderado"
para a saúde pública mundial depois que casos foram relatados em países onde a
doença não é endêmica.
“O risco para a saúde pública pode se tornar alto se esse vírus se
estabelecer como um patógeno humano e se espalhar para grupos mais propensos a
risco de doenças graves, como crianças pequenas e pessoas imunossuprimidas”,
disse a OMS.
A organização diz que não há recomendação de uso de vacina da varíola
para casos de varíola dos macacos.
Sintomas e transmissão
Os sintomas iniciais da varíola dos macacos costumam ser febre, dor de
cabeça, dores musculares, dor nas costas, gânglios (linfonodos) inchados,
calafrios e exaustão.
"Depois do período de incubação [tempo entre a infecção e o início
dos sintomas], o indivíduo começa com uma manifestação inespecífica, com
sintomas que observamos em outras viroses: febre, mal-estar, cansaço, perda de
apetite, prostração", explica Giliane Trindade, virologista e pesquisadora
do Departamento de Microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG).
Dentro de 1 a 3 dias (às vezes mais) após o aparecimento da febre, o
paciente desenvolve uma erupção cutânea, geralmente começando no rosto e se
espalhando para outras partes do corpo.
"O que é um diferencial indicativo: o desenvolvimento de lesões –
lesões na cavidade oral e na pele. Elas começam a se manifestar primeiro na
face e vão se disseminando pro tronco, tórax, palma da mão, sola dos pés",
completa Trindade, que é consultora do grupo criado pelo Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovações para acompanhar os casos de varíola dos macacos.
Por: g1 SP – São Paulo