Segunda-feira, 23 de janeiro-(01) de 2023
Representação também inclui a
ex-ministra e senadora eleita Damares Alves e todos os ex-presidentes da Funai
durante o governo Bolsonaro
Jair Bolsonaro (Foto: Isac Nóbrega/PR)
Quatro deputados federais do Partido
dos Trabalhadores protocolaram neste domingo (22) uma representação
criminal na Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair
Bolsonaro e a ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos e senadora
eleita Damares Alves (Republicanos-DF) por suspeita de crime de genocídio
contra os povos Yanomami em Roraima.
“Crianças
e adultos em situação de elevada subnutrição, cadavéricas, numa realidade que não
deveria existir num país que ano após ano tem recordes na sua produção agrícola
e alimenta diversas nações e povos”, diz o documento. “A responsabilidade por
essa tragédia é conhecida no Brasil e no mundo. Na verdade, além da omissão
dolosa, o primeiro representado [Jair Bolsonaro] é diretamente responsável
por autorizar, incentivar e proteger o garimpo ilegal nas terras indígenas
Yanomami e em várias regiões da Amazônia”, acrescenta.
Os deputados afirmam que a atitude de Bolsonaro contribuiu de
maneira decisiva para a “contaminação dos rios (mercúrio) e, consequentemente,
resultou nos impactos na alimentação (pesca) e nas condições de sanitárias
(saúde) dos povos tradicionais que vivem e sobrevivem nas áreas onde não
deveria haver garimpos, legais ou ilegais”.
A representação
também inclui todos os ex-presidentes da Funai durante o governo Bolsonaro – no
período de janeiro de 2019 a dezembro de 2022. Assinam a
representação os parlamentares Alencar Santana (SP), Maria do Rosário (RS),
Reginaldo Lopes (MG) e Zeca Dirceu (PR).
Na
representação, os deputados defendem que esses gestores são “diretamente
responsáveis, por ação ou omissão, pelas mortes e infortúnios vivenciados pelos
povos Yanomami e outras comunidades indígenas e deverão ser qualificados e responsabilizados”.
Ex-presidente minimiza situação e rebate
críticas
Jair Bolsonaro
rebateu as críticas de que tenha havia descaso com os indígenas durante o seu
governo e afirmações de que a culpa da crise no território Yanomami, em
Roraima, deveria ser atribuída a sua gestão.
O ex-presidente
falou que as denúncias são uma “farsa da esquerda” e alegou que os cuidados com
a saúde indígena foram prioridades do governo federal entre 2019 e 2022. Ele
citou ações do Sistema Único de Saúde (SUS) na comunidade durante a pandemia,
mas não comentou os casos de insegurança alimentar e desnutrição infantil.
Por: Agência Brasil