Sexta-feira, 31 de março-(03) de 2023
Caso ocorreu em uma fazenda na zona rural de Dueré, no sul do
estado. Cobra não conseguiu terminar a refeição, e cão foi engolido pela
metade; assista.
Cobra morreu ao engolir cachorro em fazenda de Dueré — Foto: Divulgação
Aos 75 anos, Bento
Gonçalves viveu a vida toda na roça e conta que já viu muitas histórias
curiosas, mas a última aventura ele precisou registrar para não dizerem que
"estava mentindo". Morador da zona rural de Dueré, no sul do estado,
ele passou dias procurando por um cachorro desaparecido e acabou encontrando o
animal na boca de uma sucuri. O detalhe é que a cobra, nas palavras dele,
"morreu engasgada".
O cão da raça Americana desapareceu na semana passada. Foram dias
procurando pelo filhote até que no fim de semana resolveu roçar a vegetação de
um córrego próximo da casa em que vive com a esposa, dona Dina, e encontrou os
dois animais mortos: a presa e a predadora.
"Moro toda a vida na roça, já vi sucuri pegar muito bicho, mas
nunca tinha visto morrer engasgada", brincou.
O ataque aconteceu dentro do próprio córrego. O cão foi engolido pela
metade, mas a cobra não conseguiu terminar a refeição – ou ainda tentou
vomitar.
"Achei que estava viva ainda. Corri e falei: mulher a sucuri está
ali com o cachorro na boca. Ainda cortei um pedaço de madeira, mas aí ela não
se mexia. Depois percebi que estava morta. Engoliu o cachorro até passar da
costela e não conseguiu voltar. Morreu engasgada", contou.
Depois de descobrir o destino do cão, a preocupação do Bento foi
justamente fazer o registro para que não passasse mentiroso.
"Eu nunca tinha visto nem falar que sucuri morria engasgada, mas
essa morreu. Chamei os filhos para tirar a foto para contar pra alguém porque
se contar a história de cara limpa vão olhar e rir, dizer que está mentindo.
Morreu de atrevida", brincou.
A serpente sucuri
pode chegar até 11 metros de comprimento e se alimenta de vários tipos de
presas, como peixes, rãs, lagartos, aves, roedores, filhotes de antas, veados e
até jacarés. Cães, claro, também estão no cardápio.
A bióloga Raiany
Cruz, especialista em serpentes, conta que esse tipo de situação já foi
registrado em outras ocasiões. “Isso já aconteceu em outros casos. Pode
acontecer e não é tão incomum quanto parece”, comentou.
A explicação é que o
ataque à presa e a própria digestão podem causar um gasto energético muito
grande e levar à morte da cobra.
“Dependendo do tamanho da presa a serpente vai ter um gasto
energético demasiado para fazer a digestão e dependendo do estresse que foi
colocado para fazer essa ação ela pode vir a óbito em função desse gasto
energético e do estresse”, explicou Raiany.
Também é possível
que a cobra acabe tendo as vísceras perfuradas, por exemplo, por cascos e
chifres das presas – ou, nesse caso, possivelmente pelas unhas do cão.
“Já aconteceu caso
de alimentação com porco espinho e os espinhos perfurarem. Chifres, cornos,
cascos. Essas estruturas que o animal não consegue digerir, com potencial de
perfuração podem causar o óbito", explicou.
"Outra situação
foi de uma sucuri que se alimentou de um jacaré. Como as escamas são muito
enrijecidas, acaba por dificultar a digestão. A serpente também foi a óbito
porque a parte mais extrema também causou perfuração.”
Por: Patrício Reis, g1
Tocantins