Quinta-feira, 15 de agosto-(08) de 2024
Matéria do Folhapress
A caixa-preta do avião ATR-72, que caiu em Vinhedo (SP) na última
sexta-feira (9), matando 62 pessoas, gravou gritos e também o copiloto Humberto
de Campos Alencar e Silva falando em dar potência à aeronave.
Essas informações foram exibidas nesta quarta-feira (14) pelo Jornal Nacional,
da TV Globo, que teve acesso a parte das gravações do voo da Voepass. No total,
há cerca de duas horas de transcrições das conversas dentro do avião, feitas
pelo laboratório de leitura e análise de dados do Cenipa (Centro de Investigação
e Prevenção a Acidentes Aéreos), setor da FAB (Força Aérea Brasileira)
responsável pelas investigações.
Segundo o jornal, os investigadores informaram que a aeronave perdeu altitude
de forma repentina e avaliaram que a análise do áudio da cabine não é capaz de
determinar a causa da queda.
Pela transcrição, o copiloto percebeu que o avião estava perdendo altitude e
perguntou o que estava acontecendo. Na sequência, ele disse que era preciso
“dar potência”, uma forma de fazer a aeronave evitar a queda.
Ainda de acordo com a reportagem, um minuto teria se passado desde que a perda
de altitude foi constatada até o choque do avião no solo. A gravação mostrou
gritos e um grande estrondo naquele momento. Segundo o Cenipa, durante o tempo
da queda a tripulação tentou encontrar formas de reagir, o que não foi
possível.
A investigação ainda prossegue e o laudo deve sair em 30 dias. De acordo com os
investigadores, foi difícil decifrar os áudios por causa do barulho na cabine,
provocado pelas hélices do avião, que ficam na parte de cima da fuselagem.
Mesmo assim, informa o JN, uma análise preliminar do Cenipa não identificou
sons característicos de alertas que poderiam dar indícios da causa da queda,
como alarme de incêndio, de falha elétrica ou de pane no motor.
Após a reportagem, o Cenipa divulgou uma nota afirmando que “nenhum veículo de
imprensa teve acesso aos áudios e transcrições, tampouco aos dados dos
gravadores de voo” das caixas-pretas do avião da Voepass.
“O Cenipa destaca, ainda, que segue estritamente os protocolos específicos
estabelecidos pela Lei nº 7.565/1986 (Código Brasileiro de Aeronáutica – CBA),
pelo Decreto nº 9.540/2018 e pelo Anexo 13 à Convenção sobre Aviação Civil
Internacional, de 1944. Por fim, a FAB reitera seu compromisso com a transparência
e a seriedade na condução das investigações, bem como pelo respeito à dor dos
familiares das vítimas envolvidas no acidente”, finalizou a nota.
Até o começo da tarde desta quarta, 56 corpos de vítimas do acidente foram
identificados, segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública). Desses, 27 já
foram liberados aos familiares, que são os primeiros a serem comunicados sobre
o andamento do trabalho de reconhecimento.
Por: Folhapress