Terça-feira, 04 de fevereiro de 2025
Atirador também pode estar entre os
mortos, segundo polícia; ataque é considerado o mais letal da história do país
Um ataque a tiros em uma escola de Örebro, no centro da Suécia e a
cerca de 200 km a oeste da capital, Estocolmo, deixou cerca de dez mortos,
número que possivelmente inclui o agressor, disse a polícia nesta terça-feira
(4). Trata-se do mais grave incidente do tipo na história do país nórdico.
Inicialmente, as
autoridades falaram em cinco feridos durante uma entrevista coletiva horas após
o ataque, que ocorreu às 12h30 locais (8h30 no Brasil). Após a imprensa
mencionar a ocorrência de mortes, porém, uma nova entrevista com Roberto Eid
Forest, chefe da policia dessa cidade de cerca de 150 mil habitantes, atualizou
os números.
“A razão pela qual
não podemos ser mais precisos agora é porque a extensão do incidente é grande”,
disse Forest a jornalistas. Mais de seis horas após o ataque, uma busca por
possíveis vítimas ainda estava em andamento na escola.
Um porta-voz do
Hospital Universitário, onde vítimas foram atendidas, disse à Reuters que, dos
cinco pacientes admitidos, um teve ferimentos leves e quatro foram operados.
Dois desses saíram da cirurgia e estão estáveis, enquanto um teve ferimentos
graves, segundo a agência de notícias. Já uma nota divulgada por autoridades
locais fala em seis hospitalizados, dos quais nenhum era criança.
A polícia não quis
dar detalhes a respeito do perfil ou da idade dos feridos, mas afirmou que o
atirador é um homem que possivelmente agiu sozinho e que ele também pode ter
sido baleado. “Quanto a dizer algo mais sobre o perpetrador, ainda é muito
cedo. A operação está em andamento e isso certamente ficará mais claro. Mas
estamos trabalhando muito intensamente agora”, disse Forest.
As causas do crime
também não foram esclarecida, mas a polícia disse não ter visto, até agora,
“motivação terrorista”. Segundo a emissora pública STV, o suspeito é um homem
de 35 anos cuja residência está sendo cercada por policiais. Uma investigação
por assassinato, incêndio criminoso e um delito agravado de armas foi aberta.
Logo após os
tiros, imagens da escola mostram diversos carros e agentes policiais com
ambulâncias e veículos de emergência.
O incidente
ocorreu na Risbergska, uma escola que lida especialmente com educação de
adultos, mas que divide seu campus com instituições que atendem crianças. A
polícia afirma que os estudantes foram mantidos dentro dos prédios, tanto no
local onde os tiros foram disparados quanto nas escolas próximas. Em seguida,
os alunos e funcionários começaram a ser retirados.
Na rede social X,
o primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristersson, afirmou que o governo está em
contato com a polícia e monitorando de perto os acontecimentos. “É um dia muito
doloroso para toda a Suécia. Meus pensamentos também estão com todos aqueles
cujo dia escolar normal foi trocado pelo terror. Ficar confinado em uma sala de
aula preocupado com sua própria vida é um pesadelo que ninguém deveria passar”,
disse.
À emissora pública
STV, o ministro da Justiça, Gunnar Strömmer, classificou a notícia de “muito
séria”. Diversas outras autoridades e políticos do país se pronunciaram, dentre
eles a líder do partido Social-Democrata, Magdalena Andersson. “Após os
terríveis relatos de tiros em uma escola em Örebro, meus pensamentos estão com
os afetados, seus familiares e os policiais no local”, afirmou.
De acordo com a
STV, os disparos foram feitos com arma automática. Citando a polícia, o
tabloide Expressen diz que não há agentes feridos, mas que houve troca de tiros
com o agressor.
“Ouvi tiros, então
me tranquei e estou aguardando notícias. Ativamos um alarme no aplicativo de
segurança e estou me comunicando com meus colegas”, afirmou Petter Kraftling,
professor em uma das escolas, ao site do sindicato de professores sueco ‘Vi
larare’.
A professora Maria
Pegado, 54, disse que alguém abriu a porta de sua sala de aula logo após o
intervalo para o almoço e gritou para todos saírem. “Levei todos os meus 15
alunos para o corredor e começamos a correr”, disse ela à Reuters por telefone.
Enquanto saía do prédio, Pegado disse ter ouvido dois tiros. “Vi pessoas
arrastando feridos para fora, primeiro um, depois outro. Percebi que era muito
sério.”
A Suécia tem
enfrentado uma onda de tiroteios devido à presença de gangues no país, mas
ataques em escolas são raros. Nos últimos anos, porém, alguns incidentes do
tipo ocorreram em instituições de ensino.
Em março de 2022,
por exemplo, um estudante de 18 anos esfaqueou e matou dois professores em uma
escola secundária na cidade de Malmö, no sul. Dois meses antes, um jovem de 16
anos foi preso depois de ferir outro estudante e um professor com uma faca em
uma escola na pequena cidade de Kristianstad.
Dez pessoas foram
mortas em sete incidentes em escolas de 2010 a 2022, de acordo com o Conselho
Nacional Sueco de Prevenção ao Crime. Um dos crimes mais notórios dessa
natureza na última década ocorreu em 2015, quando um agressor mascarado de 21
anos, motivado por razões racistas, matou um assistente de ensino e um menino e
feriu outras duas pessoas.
Com informações do Folhapress