Terça-feira, 16 de julho-(07) de 2025
Antiga cidade teria sido fundada por volta de 1.800 a.C era uma
espécie de ponto de encontro dos povos da região, explica arqueóloga
Arqueólogos descobriram
no Peru uma cidade perdida de 3.800 anos, tão antiga quanto algumas das
pirâmides do Egito.
Depois de oito anos de escavações e
estudos, arqueólogos peruanos anunciaram ao mundo a existência de Peñico, na
província de Huaura, próxima à Lima. A antiga cidade perdida fica no Vale do
Supe e teria sido fundada por volta de 1.800 a.C., explicou em comunicado a
arqueóloga Ruth Shady, diretora da Zona Arqueológica do Caral cidade-sagrada no
mesmo vale que é a mais antiga das Américas.
A cidade era uma espécie de ponto de encontro
dos povos da região, explicou ainda a arqueóloga. Agora, ela “volta à vida”
reaberta ao público que poderá explorá-la.
“Este centro urbano desenvolveu-se
seguindo a tradição cultural de Caral. Devido à sua localização estratégica,
conectava assentamentos no litoral e nas montanhas Supe e Huaura, bem como
aqueles que viviam no território andino-amazônico e na região alto-andina”,
afirma Shady.
O centro urbano de Peñico foi
construído a 600 m acima do nível do mar, em paralelo ao rio Supe, rodeada por
colinas até 1.000 m de altura. A escolha da localização por seus idealizadores prováveis
herdeiros da tradição e das técnicas
caralinas foi estratégica: neste local, seus edifícios se destacariam, mas também estariam protegidos de inundações e deslizamentos de terra, além de ser mais fácil
o contato, o comércio e intercâmbio cultural com vizinhos.
Pesquisadores acreditam que, mesmo após
o declínio de célebres vizinhas como Caral, Peñico resistiu. Seus moradores
continuaram a servir de ponte econômica e social entre povos da região.
Acredita-se que o prestígio dos peñicos não fosse devido apenas a esta
diplomacia, mas também ligado à extração e ao comércio de hematita, mineral que
produz um pigmento vermelho importante simbolicamente para a cosmologia de diversos
povos andinos.
Até o momento, 18 estruturas foram
identificadas na cidade. Entre elas estão edifícios públicos de diferentes
tamanhos, além de estruturas residenciais. Os arqueólogos destacaram como zonas
de interesse o complexo B2, com relevos esculpidos, e o grande edifício público
B1-B3, localizado no centro.
Neste edifício, é possível ver um
instrumento musical retratados nas paredes de um salão quadrangular: o pututu.
Espécie de uma trombeta de concha cujo som alcançava longas distâncias, ele tinha
papel importante nas sociedades andinas, anunciando grandes eventos, convocando
reuniões e até servindo de oferenda aos deuses em gratidão por pedidos
alcançados.
Os estudos concluíram que este edifício
teria sido o mais importante de Peñico. Sua localização e a grandiosidade de
suas características arquitetônicas sugerem que servisse como centro
administrativo da cidade, onde autoridades e grupos de diversas hierarquias se
encontravam, também em suas praças públicas.
Ainda foram encontradas ali esculturas
de barro cru que representam figuras antropomórficas, zoomórficas, além de
objetos cerimoniais. Colares de contas de diversos materiais como conchas de
moluscos, rodocrosita (mineral cor-de-rosa), crisocola (minério turquesa),
ossos de animais e argila dividiam espaço com objetos mais utilitários como
moinhos, moedores, martelos e bigornas.
Os especialistas ainda estudam como
Peñico chegou ao fim. É possível que, como Caral, ela tenha sido vítima das
mudanças climáticas, que transformaram terras férteis em deserto. Interessados
em visitá-la podem obter mais informações no site
zonacaral.gob.pe/ruta-caral/penico.
Por: Folhapress