Quarta-feira, 22 de outubro-(10) de 2025
Matéria do MaisPB
A
Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) concedeu, nesta quarta-feira (22), a
Medalha Augusto dos Anjos aо ator Mateus Nachtergaele. A honraria, proposta
pelo deputado Felipe Leitão, é destinada a artistas e produtores culturais
cujas ações e trajetórias promovem e enaltecem a cultura dentro e fora do
Brasil. A sessão solene aconteceu no plenário da Casa Epitácio Pessoa e contou
com a presença da deputada Cida Ramos e dos deputados Dr. Taciano Diniz, Dr.
Romualdo, João Gonçalves e Luciano Cartaxo.
O deputado Felipe Leitão ressaltou que conceder a Medalha
Augusto dos Anjos ao ator Mateus Nachtergaele é uma forma de reconhecer sua
notável contribuição no campo da arte e da cultura, através da sua atuação
tanto na TV, no teatro, quanto no cinema. “Eu, particularmente, considero o
Mateus Nachtergaele o maior ator em atividade hoje no nosso Brasil e no mundo.
Inclusive, ele não só recebeu prêmios em nível nacional, mas diversos prêmios
internacionais. Mateus tem uma identidade muito grande com o povo paraibano”,
destacou o parlamentar.
Felipe Leitão lembrou ainda que o ator foi responsável
por levar o nome da Paraíba ao cenário mundial com sua atuação no filme “O Auto
da Compadecida”, cuja história, embora se passe na cidade de Taperoá, foi
filmada no município de Cabaceiras. A atuação rendeu ao ator o Título de
Cidadão Taperoaense. “Matheus fez com que a nossa pequenina Paraíba fosse
conhecida internacionalmente, através do personagem João Grilo, no filme ‘Auto
da Compadecida’. Então, nada mais justo que a gente lhe conceder essa honraria
como reconhecimento e gratidão a tudo que ele tem feito, representando o povo
paraibano e o povo nordestino no país afora e no mundo afora”, completou Felipe
Leitão.
Emocionado, Nachtergaele agradeceu pela homenagem e
destacou que muitas de suas memórias profissionais e pessoais estão ligadas à
Paraíba. “Todas essas homenagens e honrarias que eu tenho recebido daqui, eu
devo ao João Grilo e, talvez mais profundamente, ao Ariano Suassuna, que eu
conheci, que eu amei, que foi meu amigo. Sempre que estive aqui foi por um
motivo maravilhoso: apresentando um filme, recebendo um carinho, ou, como hoje,
sendo agraciado com essa medalha tão especial”, disse.
A solenidade marcou um momento de reconhecimento à
contribuição de Mateus para o cinema, o teatro e a televisão, além da sua
capacidade de representar, com autenticidade e sensibilidade, personagens
nordestinos. “Hoje é uma data muito especial pra mim. A Medalha Augusto dos
Anjos é uma das honrarias mais bonitas que a cultura pode receber aqui na
Paraíba. Fico muito grato ao deputado Felipe Leitão e a esta Casa, que
representa o povo paraibano. Então, é ao povo da Paraíba que eu agradeço”,
declarou.
O ator relembrou os laços que o unem à Paraíba desde o
início da carreira. “Quando você é ator no Brasil e recebe um personagem como o
João Grilo para incorporar, e agora duas vezes, é como um chamado profundo da
arte. A gente acabou de filmar O Auto da Compadecida 2, uma grande homenagem à
obra de Ariano, e eu pude reviver esse personagem que me deu tanta alegria”, afirmou.
Paulistano, Nachtergaele afirmou ter encontrado no
Nordeste um território de pertencimento artístico. “Eu fui recrutado pelo
cinema brasileiro para percorrer o Nordeste, interpretando personagens
nordestinos. Eu sou paulistano, de origem belga — portanto, inusitado — mas
acho que meu tipo físico me permite ser paraibano, pernambucano, cearense… Eu
fui aprendendo o Nordeste por dentro de mim, pelas paisagens e pelos
personagens. É como se eu conhecesse o Nordeste por dentro”, disse.
Entre risos e lembranças, ele ainda recordou sua passagem
por Cabaceiras, onde o clássico O Auto da Compadecida foi gravado. “Guardo
muitas lembranças dali. Até um burrinho eu tive em Cabaceiras! Um rapaz me
ofereceu para alugar o animal por um real, e eu aceitei. Era um gesto
simbólico, mas que diz muito sobre o espírito daquele lugar: generoso, simples
e cheio de humor”.
Mateus também falou sobre o papel da arte como
instrumento de reflexão e crítica social. “Eu acredito que qualquer fazer
artístico tem algo de político. O Auto da Compadecida, por exemplo, denuncia as
injustiças sociais e de classe que o Brasil vive. João Grilo e Chicó são
trabalhadores da última esfera possível, sempre à mercê de um patrão, de um
coronel, da igreja. A obra é uma crítica sem precisar ser panfletária. É apenas
arte — e isso já é político por si só”, avaliou.
Com humildade, o ator ponderou sobre o peso das
homenagens. “Muitas vezes eu penso: sou só um ator que teve a sorte de viver o
João Grilo, não mereço tanto carinho. Mas eu aceito com gratidão e espero
honrar sempre os personagens brasileiros”, declarou.
Ao final, ele resumiu com simplicidade a essência de seu
trabalho: “A matéria-prima de um ator é o povo. Se eu não tiver acesso às
pessoas, é como se um pintor não tivesse acesso às suas tintas. Eu gosto de
perambular entre as pessoas simples, ouvir suas histórias. É ali que mora a
verdadeira sabedoria, aquela que a gente não encontra nos livros, mas no olhar
do homem do povo”.
A solenidade contou ainda com as presenças do presidente
da Funjope, Marcos Alves; do presidente da Academia Paraibana de Letras,
Ramalho Leite; do ex-prefeito de Cabaceiras, Thiago Castro, além de fãs,
artistas, autores e escritores paraibanos.
Os paraibanos podem acompanhar todas as matérias
apresentadas na ALPB, assim como, sessões ordinárias, visitas técnicas,
reuniões de comissões, solenidades e debates através da TV Assembleia, pelo
canal 8.2, e também pelo canal TV Assembleia PB no Youtube.
Por: MaisPB