Terça-feira, 14 de Julho de 2015
'Hoje é um dia histórico', disse a chefe da
diplomacia europeia.
Acordo prevê o fim das sanções internacionais contra o Irã.
Acordo prevê o fim das sanções internacionais contra o Irã.
O Irã e
as grandes potências conseguiram concluir nesta terça-feira (14) um acordo
histórico em Viena sobre o programa nuclear iraniano. O acordo foi alcançado
após 21 meses de negociações, e inclui o fim das sanções internacionais contra
o país.
“Hoje é um dia histórico. É com grande honra que
anunciamos ter alcançado um acordo nuclear com o Irã”, disse a chefe da
diplomacia europeia, Federica Mogherini, durante o anúncio oficial.
Os chefes da diplomacia do Irã, do grupo 5+1 (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França,
Rússia, China e Alemanha) e da União Europeia negociavam há 17 dias no palácio
de Coburg da capital austríaca.
Segundo Mogherini, os países envolvidos concordaram com
o texto final do acordo, que vai prevenir de maneira eficiente que o Irã
obtenha uma arma nuclear e garantirá que o programa nuclear do país seja usado
apenas para fins pacíficos.
De acordo com a diplomata italiana, o texto é complexo,
detalhado e técnico, mas respeita os interesses dos envolvidos. O acordo
completo deve ser tornado público ainda nesta terça.
“É um bom acordo, para todos os lados. Estamos comprometidos que ele seja plenamente implementado. Pedimos que a comunidade internacional apoie a implementação desse acordo”, afirmou Mogherini. “É destas negociações, mas não é o fim de nosso trabalho conjunto”.
Ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohammed
Javad Zarif, fala com jornalistas antes da reunião que chegou a acordo (Foto:
AP Photo/Ronald Zak)
Esperança
"Hoje poderia ter sido o final da esperança, mas estamos perante um novo capítulo", disse o chanceler iraniano, Mohammed Javad Zarif, sobre o fim das negociações na capital austríaca para se fechar o histórico acordo. "Acho que esse é um momento histórico. Estamos fechando um acordo que não é perfeito, mas sim o que pudemos conseguir. É uma conquista importante", destacou.
"Hoje poderia ter sido o final da esperança, mas estamos perante um novo capítulo", disse o chanceler iraniano, Mohammed Javad Zarif, sobre o fim das negociações na capital austríaca para se fechar o histórico acordo. "Acho que esse é um momento histórico. Estamos fechando um acordo que não é perfeito, mas sim o que pudemos conseguir. É uma conquista importante", destacou.
Ao mesmo tempo, o Irã e a Agência Internacional de
Energia Atômica (AIEA) assinaram um "mapa do caminho" queautoriza uma investigação sobre o passado do programa nuclear de
Teerã, em função da suspeita de uma possível dimensão militar,
anunciou o diretor geral do órgão da ONU.
"Acabo de assinar o mapa do caminho entre a
República Islâmica do Irã e AIEA para o esclarecimento das questões em suspenso
do passado e do presente relativas ao programa nuclear iraniano", declarou
Yukiya Amano à imprensa, antes de celebrar o "avanço significativo"
que o acordo representa.
Acordo
O objetivo do acordo é assegurar que o programa nuclear iraniano tenha um caráter não militar, em troca da retirada das sanções internacionais que asfixiam a economia do país. O texto, que autoriza Teerã a prosseguir com o programa nuclear civil, abre o caminho para uma normalização da presença do Irã no cenário internacional.
O objetivo do acordo é assegurar que o programa nuclear iraniano tenha um caráter não militar, em troca da retirada das sanções internacionais que asfixiam a economia do país. O texto, que autoriza Teerã a prosseguir com o programa nuclear civil, abre o caminho para uma normalização da presença do Irã no cenário internacional.
O documento final entre Teerã e as grandes potências, de
cerca de 100 páginas, prevê a eliminação de todas as sanções internacionais
contra o Irã, que também sairá da lista de países sancionados pela Organização
das Nações Unidas (ONU), afirma a Isna.
Os detalhes do acordo ainda não foram divulgados, mas as
agências de notícias informam que o Irã vai permitir o acesso de inspetores
internacionais às agências nucleares, em troca da suspensão das sanções; o país
vai continuar submetido a um embargo no comércio de armas por pelo menos cinco
anos; e que as sanções voltam a entrar em vigor caso alguma parte do acordo não
seja cumprida pelos iranianos. A aplicação das medidas do pacto será dividida
em três etapas: uma preliminar, uma operacional e outra executiva.
Segundo a agência estatal iraniana IRNA, “bilhões de
dólares em ativos iranianos congelados serão liberados, as proibições
referentes à aviação do país serão canceladas após três décadas”, assim como as
restrições contra o Banco Central iraniano, o Exército do país e outras
empresas estatais.
O Irã aceitou conceder um acesso limitado a locais
militares, com base no protocolo adicional que permite um controle reforçado do
programa nuclear de Teerã, afirmou uma fonte iraniana.
"Nossos locais militares não estão abertos aos
visitantes porque cada país tem o direito de proteger seus segredos. O Irã não
é uma exceção. No entanto, o Irã vai aplicar e protocolo adicional (ao Tratado
de Não Proliferação Nuclear) e com esta base dará um acesso programado a certas
instalações militares definidas no texto", declarou a fonte.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores russo, o
Irã será autorizado a conduzir pesquisa e desenvolvimento com uranio para
centrífugas avançadas durante os primeiros 10 anos do acordo, de uma maneira
que não acumule urânio enriquecido.
As sanções poderão ser levantadas progressivamente a
partir do início de 2016, mas o acordo também prevê seu restabelecimento em
caso de violação dos compromissos por parte da República Islâmica, informou um
diplomata francês, segundo a France Presse. Elas voltariam em 65 dias caso o
acordo seja violado, disse a Reuters.
O levantamento das sanções deverá esperar uma reunião da
AIEA prevista para o meio de dezembro, na qual será confirmado que o Irã
respeita seus compromissos, precisou a fonte.
Segundo outros diplomatas o embargo de armas da ONU
continuará em vigor por cinco anos, e sanções contra mísseis por oito anos.
Comemoração
Como um sinal de que o fim das discussões estaria próximo, o ministro iraniano do Interior pediu que as autoridades locais preparem um cenário de comemoração nas ruas. A população, que elegeu o presidente Hassan Rohani em 2013 com a promessa de conseguir a suspensão das sanções, espera uma melhora de suas condições de vida, caso um acordo seja assinado.
Como um sinal de que o fim das discussões estaria próximo, o ministro iraniano do Interior pediu que as autoridades locais preparem um cenário de comemoração nas ruas. A população, que elegeu o presidente Hassan Rohani em 2013 com a promessa de conseguir a suspensão das sanções, espera uma melhora de suas condições de vida, caso um acordo seja assinado.
O presidente iraniano, Hassan Rohani, disse em sua conta
no Twitter que o acordo abre "novos horizontes". "O acordo
iraniano mostra trabalhos de engajamento construtivo. Com esta crise
desnecessária resolvida, novos horizontes aparecem com um foco em desafios
compartilhados", disse em sua conta no Twitter.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que as
seis potências fizeram uma escolha firme em favor da estabilidade e cooperação.
"O mundo agora pode respirar um pouco de
alívio", disse Putin em nota no site do Kremlin.
"Apesar de tentativas de justificar cenários com
base na força, os negociadores fizeram uma escolha firme em favor da
estabilidade e cooperação", afirmou.
Putin acrescentou que o acordo ajudará a cooperação
civil nuclear entre a Rússia e o Irã e contribuirá para combater o terrorismo
no Oriente Médio.
Críticas
Mesmo sem anúncio oficial sobre o acordo, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que o acordo nuclear do Irã é um “erro de proporções históricas”.
Mesmo sem anúncio oficial sobre o acordo, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que o acordo nuclear do Irã é um “erro de proporções históricas”.
"O Irã terá um caminho livre para desenvolver armas
nucleares e muitas das restrições que o impediam serão suspensas. Esse é o
resultado quando se deseja um acordo a todo custo", disse Netanyahu
através de comunicado divulgado antes do início de uma reunião com o ministro
de Relações Exteriores da Holanda, Bert Koenders.
"Fizeram grandes concessões em todos os temas que
deviam impedir que o Irã consiga armas nucleares. Adicionalmente, o Irã
receberá bilhões de dólares para alimentar sua máquina terrorista e sua
agressividade e expansão pelo Oriente Médio", completou.
O primeiro-ministro reiterou que um acordo não pode ser
evitado quando os negociadores estão "dispostos a fazer concessões a quem,
inclusive durante as conversas, gritava 'morte aos EUA'", disse Netanyahu,
em referência a uma manifestação realizada em Teerã no último fim de semana e
na qual foram queimadas bandeiras americanas e israelenses.
Sobre os próximos passos de seu governo, Netanyahu disse
que seu "compromisso" de impedir que o Irã tenha capacidade de
fabricar armas nucleares "segue em vigor".
O ex-ministro das Relações Exteriores de Israel Avigdor
Lieberman classificou a jornada de hoje como "um dia negro para todo mundo
livre". Já o ministro de Ciência e Tecnologia, Dani Danon, afirmou que o
pacto entre o Grupo 5+1 e o Irã é como "dar um fósforo a um
piromaníaco".
A vice-ministra de Relações Exteriores, Tzipi Hotovely,
afirmou que o acordo significa "uma capitulação de proporções históricas
perante o eixo do mal dirigido pelo Irã".
"As consequências deste acordo no futuro próximo
são muito graves. Irã recebeu um respaldo para continuar expandindo (a
influência) de seus aliados terroristas pela região", acrescentou Tzipi em
comunicado.
Do G1, em São Paulo