Sábado, 21 de maio de 2016.
Novo presidente da Petrobrás, Pedro Parente
Na quinta-feira (19), depois de participar de uma reunião com o ministro do
Planejamento, o senador Cassio Cunha Lima,
disse que a situação é muito delicada e deu um novo número.
O novo presidente da Petrobras disse que não vai ter indicação
política na estatal. Pedro Parente terá a missão de recuperar as finanças e a
confiança na empresa.
O governo tem outros problemas para
resolver na economia: tem rombo nas contas públicas, que assusta, e, na
segunda-feira (23), vai apresentar a nova meta fiscal, a meta de economia. Essa
conta não é fácil. É ruim subestimar e é ruim superestimar. E a conta não é
simples porque leva em consideração diferentes parâmetros da economia, e o
governo não quer errar.
Já está claro que o rombo deve ser
muito maior do que o governo anterior estava prevendo.
O governo continua fazendo contas.
Levantando informações sobre os gastos, as dívidas e quanto deve arrecadar em
impostos este ano. Quer anunciar até segunda-feira (23) qual a meta fiscal de
2016 e, para isso, precisa saber primeiro qual o tamanho do buraco nas contas
públicas.
“Eu tenho defendido que meta fiscal
seja algo claro. Minhas críticas ao governo anterior era exatamente o governo
começava o ano propondo um superávit e terminava o ano conferindo um déficit
grande. Eu acho que não pode ser assim. O governo tem que ter credibilidade. O
que o governo falar tem que acontecer”, afirmou o ministro do Planejamento, Romero
Jucá.
E de fato, desde o ano passado, a
meta fiscal vem sendo alterada toda hora. Em 2015, o governo começou o ano
projetando que as contas do setor público teriam superávit. A meta era
economizar R$ 66,3 bilhões para pagar juros da dívida. No meio do ano, o governo
mudou a meta para um superávit menor, menos de R$ 9 bilhões. E em outubro, a
nova revisão: o governo reconheceu que ia ficar no vermelho em R$ 51,8 bilhões.
Mas foi pior que isso: o ano terminou com déficit de R$ 111 bilhões.
Este ano, o governo começou
projetando de novo um superávit de R$ 30,5 bilhões. Mas em fevereiro, imaginou
que o rombo chegaria a R$ 60 bilhões. Mudou em março, ainda no governo Dilma,
para déficit de R$ 96,6 bilhões.
Quando assumiu, o presidente em
exercício, Michel Temer, pediu um levantamento realista
das contas, já que as estimativas anteriores erraram, entre outros motivos,
porque contaram com uma arrecadação que não estava garantida, como a da CPMF,
que nem foi votada ainda no Congresso. Só esta semana, as estimativas de rombo
nas contas públicas começaram em R$ 130 bilhões, aumentaram para R$ 160 bilhões
e agora já há quem diga que vai ser maior.
“O Ministério do Planejamento, com a
Fazenda, estará fechando esses números, que devem ser consolidados também pelo Tribunal de Contas da União, para tirar
qualquer viés político dessa discussão, que já projeta um déficit que beira a
casa dos R$ 200 bilhões”, afirmou o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB).
Esses R$ 200 bilhões incluem os R$
96 bilhões de déficit que o governo Dilma já calculava e outros itens que vão
tirar recursos do Governo
Federal, como o possível acordo com os estados, que deixariam de pagar,
este ano, parte da dívida que têm com a União. Além disso, tem o pagamento de
obras já concluídas e que não foram quitadas pelo governo. Para piorar a
situação, a arrecadação de impostos não para de cair. Ficou em R$ 423 bilhões
entre janeiro e abril, queda de quase 8%.
Fontes do governo dizem que medidas
estruturantes serão anunciadas para diminuir o rombo fiscal ainda este ano, mas
a redução deve ser maior no ano que vem. O economista José Kobori diz que o
governo pode e deve diminuir o rombo com cortes de despesas, o que ainda não
foi confirmado. Ele diz que isso seria um sinal positivo de que o governo fez o
dever de casa e poderia ajudar na aprovação de medidas difíceis no Congresso.
“Você precisa ter os números
corretos para saber exatamente como você vai fazer a gestão da economia do
país. A equipe econômica que foi nomeada é reconhecidamente pelo mercado uma
equipe competente, mas que passam também por um teste político no Congresso pra
poder aprovar todos os ajustes fiscais necessários”, afirmou José Kobori,
estrategista da JK Capital.
Na avaliação do economista, o
governo deu na quinta-feira (19) um sinal muito positivo quando confirmou o
nome de Pedro Parente para presidir a Petrobras. Parente foi ministro da
Casa-Civil, do Planejamento, secretário-executivo do Ministério
da Fazenda e presidente
do Conselho de Administração da Petrobras no governo de Fernando Henrique Cardoso, do PSDB. Ele
coordenou as ações para administrar o racionamento de energia em 2001.
Ao confirmar que aceitou o convite,
ao lado do ministro Eliseu
Padilha, Pedro Parente disse que pretende fazer uma gestão estritamente
profissional na empresa, sem indicações políticas: “Isso foi orientação clara
que o presidente Temer me passou. Então, vou ser claro e taxativo com relação a
esse ponto: não haverá indicação política, o que vai facilitar muito a vida do
Conselho de Administração e a minha própria porque se isso fosse o caso, o que
não será, certamente elas não seriam aceitas”, afirmou o presidente indicado da
Petrobras.
Nesta sexta-feira (20), os técnicos
estão fechando os números para serem apresentados até segunda-feira (23) e o
Senado deve votar a meta fiscal, pelo menos discutir a meta fiscal, já na
terça-feira (24).
A Petrobras foi de empresa mais
respeitada a investigada por corrupção. O novo presidente da estatal vai ter
muito trabalho pela frente.
O último lucro da Petrobras foi em
2013, de R$ 23,5 bilhões. Depois em 2014, quando começou investigação da Lava
Jato, aí já vem um prejuízo de R$ 21,5 bilhões. Prejuízo também em 2015, ainda
maior, de quase R$ 35 bilhões. E só neste ano, já no primeiro trimestre, já
tivemos um prejuízo de R$ 1,2 bilhão.
Essa queda de prestígio da empresa
se refletiu nas ações. Uma comparação com 2008, quando uma ação da Petrobras,
uma ação preferencial, valia R$ 43, agora, em maio desse ano, fechou, na
quinta-feira (19), a R$ 8,96.
Sem dinheiro em caixa, os
investimentos despencaram, como é visto na comparação entre 2013 e 2015. A
produção de petróleo caiu 8% no primeiro trimestre e a venda de combustíveis
caiu em 10%.
Por outro lado, a Petrobras está
fazendo um esforço para diminuir o endividamento, que nesse último trimestre,
já caiu principalmente com a venda de ativos.
G1