Sábado, 17 de setembro de 2016
Toda campanha política é a mesma ladainha: prometem
o que muitas vezes não podem cumprir; salvadores da pátria são erguidos aos
montes; pessoas são iludidas com esmolas; a poluição sonora chega a níveis
insuportáveis; e mantras são introduzidos nas mentes dos cidadãos sem o
consentimento deles. Enfim, como disse Giuseppe di Lampedusa, em seu livro, “O
Leopardo”: “Algo
deve mudar para que tudo continue como está”.
Nessa avalanche de personagens e promessas, o
cristão fica bombardeado com tanta informação. O que fazer? Quais os critérios
que precisamos avaliar? Sabemos pela Palavra que Deus é quem “remove reis e
estabelece reis” (Daniel
2:21) e podemos descansar em saber que o
“Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens; e o dá a quem quer” (Daniel 4:17). Além disso, a Palavra ainda nos ensina que:
“Quando os justos triunfam, há grande alegria; mas, quando os ímpios sobem, os
homens escondem-se” (Pv 28.12).
Será, então, que igreja é lugar de política? Para
respondermos essa pergunta é preciso responder outra: o que é política? O
vocábulo política vem do grego, “polis”, “cidade”. A política, pois, procura
determinar a conduta ideal do Estado, pelo que seria uma ética social. Em
suma: política é tudo que diz respeito ao bem comum da cidade, da “polis”.
Portanto, o que discutimos numa igreja para o bem da cidade é fazer política.
Infelizmente alguns pastores confundem política com partidarismo. Ou política
com politicagem. Aristóteles já afirmava que o homem é um ser político. O homem
pode ser apartidário, mas nunca apolítico.
Política é a busca do bem comum. Por isso, a
política tem sempre a ver com a sociedade e com a vida das pessoas e tudo o que
nos afligem: os salários; o preço do pão; as passagens de ônibus; as prestações
da casa própria; o sistema escolar; o posto de saúde, etc. Nada do que é social
está fora da política. Nesse sentido, as igrejas também estão dentro da vida
política de uma cidade ou nação. Poderíamos então dividir as pessoas com
relação a esse assunto da seguinte forma: 1) As alienadas, que acreditam poder
ficar fora das questões políticas; 2) As conscientizadas, que deve ser o nosso
ideal; 3) E as engajadas, as que se envolvem diretamente em fazer política.
Por isso é preciso que você reformule sua forma de
pensar política. Existem ainda algumas concepções erradas, tais como: “Política
é pecado”; “Política é coisa do diabo”; “O cristão não deve participar de
política”, o que é impossível pois vivemos numa polis; “Toda pessoa que
se envolve com política é corrupta”, esse tipo de afirmação é igual com a de que
todo padre é pedófilo e todo pastor é ladrão, como também não é verdade que
“Todo crente é um bom político”; “A política é mundana e não serve para os
crentes”, isso é desconhecer totalmente os ensinamentos bíblicos e históricos.
Mas o pior erro é que alguns líderes ainda trocam os votos de sua igreja por
favores. Isso sim é fazer uma má política.
Na contramão existiram e existem homens de Deus que
exerceram com dignidade um papel político em seu tempo e honraram ao Soberano
Senhor: José, Moisés, Josué, Gideão, Davi, Salomão, Josafá, Ezequias, Josias,
Daniel, Neemias. O que se pode inferir é que é sim possível exercer uma boa
política sem deixar-se corromper com o “canto da sereia”.
Você então poderia perguntar: quais os princípios
que um cristão deveria observar quanto a sua participação na política?
Permita-me colocar alguns princípios gerais:
- O povo de Deus precisa ter critérios claros na
escolha de seus representantes– Dt 17:14-20Pessoas que não se dobrem
diante da sedução do PODER E DO DINHEIRO.
- O povo de Deus não deve ser omisso, mas
influenciar os líderes nas questões políticas – Dt 28:13.
- A atitude de omissão não corresponde aos
princípios de Deus nem à expectativa de Deus.
- O cristão preparado está em vantagem para
governar – Pv 28:5; 26:1.
- O cristão não pode associar-se com pessoas
inescrupulosas – Sl 94:20; Pv 25:26.
- O povo de Deus precisa votar em representantes
que amem a justiça – Pv 31:8,9.
- O povo não está trabalhando em favor do
político, mas o político em favor do povo.
- O político precisa olhar com especial atenção
para os pobres e necessitados, ou seja, precisa ter uma política social
humana e justa.
- O povo de Deus deve votar em pessoas que
defendam os princípios cristãos à luz do Evangelho.
Saiba de uma coisa: ou você é político ou você é um
idiota. Calma, entenda antes de me atirar pedras. A palavra idiota, “Idiotés, no grego arcaico, era quem ficava preocupado
consigo mesmo; e a palavra político, “Politikos”, era quem se preocupava com a justiça de todos. Não
se pode fazer cidadania sem política. Todos fazemos política, inclusive se
omitindo. Eu, particularmente, sou contra o voto branco ou nulo. Os brasileiros
lutaram muito para ter o direito ao voto. Se não podemos mudar a todos, pelo
menos temos alguma chance de mudança. Lembre-se do que já disse Platão: “O preço a pagar pela tua
não participação na política é seres governado por quem é inferior”. Ou como disse o pastor Martin Luther King: “O que me preocupa não é nem
o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem
ética… O que me preocupa é o silêncio dos bons”.
Pr. Antônio Pereira Jr.
(1ª Igreja Congregacional em Guarabira – PB).
E-mail: oapologista@yahoo.com.br
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