Quarta-feira, 21 de setembro de 2016
Casal da PB e filhos foram esquartejados e
encontrados um mês depois.
'Que o nome deles, a honra da família, seja limpa', diz tia de Janaína Santos.
'Que o nome deles, a honra da família, seja limpa', diz tia de Janaína Santos.
Marcos Nogueira, Janaína Américo e os dois filhos do casal foram encontrados mortos na Espanha (Foto: Reprodução/Facebook/Janaina Diniz Diniz)
Os parentes da família paraibana que foi encontrada esquartejada na Espanha descartam a possibilidade de o crime
ter sido motivado por um acerto de contas. Segundo Wilta Diniz, tia de Janaína
Santos Américo, ninguém sabe o que pode ter acontecido, mas a família das
vítimas não considera a linha de investigação das autoridades espanholas que especulam um possível ajuste de contas.
“A gente espera justiça, que seja desvendado e que o
nome deles, a honra da família, seja limpa. Porque a gente não deve, isso não é
verdade, o que estão divulgando”, comentou a tia de Janaína. “Disseram que até
os documentos deles levaram. Não tinha nada na casa. Mas, a gente não sabe,
porque todo mundo fala muita coisa”.
O casal Marcos Nogueira e Janaína Américo e seus dois
filhos, de 5 e 1 ano, foram encontrados mortos, esquartejados, na casa onde
moravam em Pioz, um povoado de menos de 4 mil habitantes próximo a Guadalajara,
ao nordeste de Madri. Os investigadores calculam que os corpos se encontravam
na casa há cerca de um mês e cogitam a possibilidade de acerto de contas.
“O choque também é a forma como está saindo na imprensa,
dizendo que foi acerto de contas. A gente não tem ideia, a gente vai imaginar o
que? Eu sei que não foi [acerto de contas], isso eu tenho plena convicção.
Porque eu conhecia Marcos, eu conhecia Janaína. E ela não era uma menina disso,
nunca foi. Ela não tem amizades lá”, disse Wilta.
Wilta ainda explicou que o irmão de Janaína providenciou
um passaporte de emergência para ir até a Espanha. “Ele é o irmão gêmeo dela,
primeiro grau. Então ele é o mais indicado a ir, pra chegar lá e resolver essas
burocracias todas”, disse. O cunhado de Janaína, Eduardo Bráulio, informou que
a família não teve mais notícias do Consulado-Geral do Brasil em Madri e que só
vai ter mais informações quando chegar lá. A viagem deve acontecer até a
sexta-feira (23).
Ao G1, na segunda-feira (19), o Itamaraty informou que está acompanhando o
caso, por meio do Consulado-Geral do Brasil em Madri, e mantendo contato com as
autoridades locais. Porém, em respeito à privacidade dos cidadãos brasileiros
no exterior e em cumprimento à determinação das autoridades locais de que as
investigações tramitem em segredo de justiça, o Itamaraty informou que não está
autorizado a divulgar mais informações sobre o caso.
Marcos estava feliz, diz irmão.
O irmão de Marcos, Wafran Campos, também não acredita que há indícios para acreditar em acerto de contas. “Se ele estava com algum problema financeiro ou recebendo alguma pressão
de alguma pessoa, de briga ou algo assim, ele nunca nos informou”, disse nesta
terça-feira (20). Campos explicou que na última vez que falou com o irmão,
pouco tempo antes de não ter mais notícias, ele estava feliz com as conquistas
obtidas e que a família não sabe o motivo pelo qual as vítimas foram mortas.
Walfran, que é autônomo, conta que o irmão morava e
trabalhava na Europa há 15 anos e que após casar com a também paraibana Janaína
Santos, levou a mulher para morar com ele. Ele disse que há pouco tempo o irmão
havia sido promovido e se tornado sub-gerente da churrascaria onde trabalhava.
“A última vez que falei com meu irmão foi no dia 16
de agosto, ele estava empolgado porque tinha mudado de casa, ido morar numa
casa boa, em um condomínio fechado, e estava contente porque sabia que eu ia
visitá-lo, já estava de viagem marcada. A minha família também pensava em ir
passar o Natal com eles”, explicou.
A família nunca desconfiou de que poderia
acontecer algum crime contra as vítimas. “Ele nunca comentava nada com a
família porque ele não queria que a gente se preocupasse, mas a gente nunca
desconfiou que uma situação como essa, de matar quatro pessoas, sendo duas
crianças, pudesse acontecer. Qual o erro que meu irmão cometeu para matarem
também o meu sobrinho de um ano, a menina de quatro anos e a mulher dele? Para
nós isso foi forte demais e estamos sem entender o que aconteceu”, disse
Walfran.
O irmão da vítima também explica que o desejo da família
é trazer os corpos para o Brasil e que eles devem ser enterrados em João
Pessoa, onde moram os parentes das vítimas, mas que ainda não sabem quando
haverá a liberação dos corpos. “Como é uma coisa internacional, tem muita
burocracia e isso demora bastante. Estou falando com meus amigos, tentando ver
se alguém se movimenta para resolvermos isso”, disse.
Walfran Campos ficou sabendo após ler em
um jornal a notícia. “Ficamos sabendo através de um jornal. Meu
cunhado comprou um jornalzinho pequeno e lá tinha uma notícia falando sobre
este caso dos quatro brasileiros assassinados em Madrid. Ele me ligou, eu fui lá e quando olhei e
vi que eram dois adultos e duas crianças e no mesmo endereço que meu irmão, eu
associei. Fui em casa, olhei em um site espanhol e tinha a foto da casa do meu
irmão, foi quando confirmei o caso”, completou Walfran.
Entenda o caso
Os corpos do casal e das duas crianças
foram encontrados esquartejados no domingo (18), na casa onde eles moravam, a
cerca de 60 km de Madri. Um porta-voz da Guarda Civil informou que os corpos
esquartejados estavam em uma casa de Pioz, ao nordeste de Madri. Os
investigadores calculam que os corpos se encontravam na casa há cerca de um
mês.
As autoridades foram alertadas por um vizinho "que
percebeu o odor" procedente da residência, segundo a polícia. Segundo a
imprensa espanhola, os corpos foram achados em bolsas de plástico fechadas com
uma fita adesiva. Os agentes não encontraram sinais de que os assassinos tenham
forçado a entrada na casa da família.
"Temos a investigação sob segredo judicial e ainda
não esclarecemos as causas. Parece que foi feito por profissionais",
acrescentou o porta-voz. Apesar do sigilo da investigação, as autoridades
especulam sobre um possível ajuste de contas. "A forma com que os corpos
foram achados indica uma intenção de não deixar pistas e depois se desfazer
deles", afirmou Jesús García, tenente-coronel e investigador da Guarda
Civil. "Dá a impressão de que algo foi abortado em um determinado momento,
porque não é lógico que os cadáveres ficassem ali, dentro de casa".
Do G1 PB