Quarta-feira, 12 de outubro de 2016
Com gols de Gabriel Jesus e William, a Seleção de Tite confirma boa fase e chega a quarta vitória consecutiva
Após passar pelo purgatório no primeiro turno das Eliminatórias
Sul-Americanas da Copa do Mundo de 2018, na Rússia, quando chegou a estar fora
da zona de classificação, a seleção brasileira retomou nesta terça-feira o
primeiro lugar na competição com uma vitória de 2 a 0 sobre a Venezuela, no
estádio Metropolitano de Mérida, na Venezuela.
Ainda que
contra o lanterna do torneio, a quarta vitória seguida sob o comando do técnico
Tite, com futebol de toques rápidos, marcação eficiente e faíscas de
individualidade, principalmente de Gabriel Jesus e Renato Augusto, consolida a
recuperação da seleção, após uma série de insucessos desde a derrota para a
Alemanha na semifinal da Copa de 2014.
O jogo foi
interrompido aos 28 minutos do segundo tempo por uma queda de energia, mais uma
evidência da grave crise que afeta a Venezuela, que provocou protestos da
torcida contra o presidente Nicolás Maduro. Cerca de 20 minutos depois, no
entanto, a luz retornou parcialmente. Na próxima rodada das Eliminatórias, o
Brasil recebe a Argentina, no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, em 10 de
novembro.
Já houve um
tempo em que jogo contra a Venezuela pelas Eliminatórias era certeza de
goleada. Nesta terça-feira, no entanto, diante de um gramado ruim, chuva e uma
torcida empolgada, a seleção disputou um primeiro tempo equilibrado contra a
equipe local. A diferença entre as duas equipes residiu na frieza – ou ausência
de – de suas duas principais revelações: Gabriel Jesus e Peñaranda.
O atacante
palmeirense, ao receber um presente do goleiro Dani Hernández, que soltou a
bola a seus pés na entrada da área, teve toda calma do mundo para encobri-lo e
calar as quase 40 mil pessoas que driblaram uma crise econômica gravíssima para
torcer pela Venezuela no estádio. Peñaranda, por outro lado, teve duas chances
– uma delas em bela arrancada pela esquerda, driblando defensores brasileiros com
agilidade e habilidade. Na hora de finalizar, no entanto, lhe faltou a
tranquilidade que sobrou para Gabriel Jesus.
O restante
do primeiro tempo, apesar do bom toque de bola da equipe de Tite, rendeu
chances mal aproveitadas em finalizações de Philippe Coutinho e Paulinho. Sem
Neymar, coube ao jogador do Liverpool cair pela esquerda do ataque, apostando,
às vezes demais, em jogadas individuais. William, na direita, apareceu várias
vezes bem no ataque. Coube a ele, no começo do segundo tempo, ampliar o placar
em jogada pela direita, aos 7 minutos. Gabriel Jesus ainda teve chance de fazer
o terceiro, após boa jogada de Renato Augusto e Phillipe Coutinho, mas bateu
mal.
Há
distinções também entre os dois momentos da seleção, com Tite e com Felipão –
este durante a Copa de 2014. E eles são gritantes. Hoje, o jogo flui
naturalmente, desde a saída de bola na defesa até o ataque. Fernandinho, um dos
destaques negativos na partida contra a Alemanha, fez sua segunda partida como
titular sob o comando de Tite, em virtude da lesão de Casemiro, e mostrou
segurança e eficiência na proteção da zaga, com antecipações e desarmes
precisos. Renato Augusto tem excelente passe e visão de jogo e faz a engrenagem
do meio de campo girar
Mas talvez
a grande diferença seja o comando de ataque. Parafraseando o técnico da
seleção, Gabriel Jesus “é de verdade” O atacante precisou de apenas quatro
jogos para fazer seu quarto gol em quatro jogos nas Eliminatórias e ultrapassou
Neymar, com três, para ser o artilheiro do Brasil no torneio. Além do belo gol,
o palmeirense soube fazer com competência o pivô e trocar passe com seus
companheiros de ataque.
Como disse
Tite na véspera do jogo, algo estaria errado se o Brasil dependesse de Neymar –
ainda mais contra a Venezuela. Taticamente, o posicionamento da equipe evolui
gradativamente. As linhas de quatro, intercaladas pelo volante de proteção à
zaga e o centroavante, são compactas e a equipe sai em bloco ao ataque.
O ponto
negativo da atuação na seleção foi o lateral-direito Daniel Alves. O jogador da
Juventus sofreu com os avanços de Peñaranda – o melhor jogador da Venezuela –
em suas costas. No ataque, apareceu pouco, com apenas um cruzamento no primeiro
tempo e outro no segundo.
Além de
Peñaranda, o grande destaque da equipe da casa foi a torcida. Cantou, vaiou o
Brasil e incentivou a equipe local o tempo todo. Antes do jogo começar cantou
em três oportunidades “Vai cair, vai cair, esse governo vai cair”. Aos 28
minutos do segundo tempo, quando acabou a luz no estádio, o grito voltou a ecoar
no estádio, anunciado como “obra da revolução bolivariana”, junto de um pedido:
“Fora, Maduro”.
No fim,
para eles a derrota por 2 a 0 ficou de bom tamanho. Como se não bastasse a
dureza da crise de escassez e hiperinflação, a equipe segue sem vencer nas Eliminatórias,
com apenas dois pontos, na lanterna da tabela de classificação. Uma goleada
como as de antigamente seria demais.
VENEZUELA 0
x 2 BRASIL
VENEZUELA –
Dani Hernández; Rosales, Wilker Ángel, José Velázquez e Feltscher; Tomás
Rincón, Arles Flores (Herrera) e Juanpi (Guerra); Josef Martínez, Rondón e
Peñaranda (Otero). Técnico: Rafael Dudamel.
BRASIL –
Alisson; Daniel Alves, Marquinhos, Miranda e Filipe Luís; Fernandinho, Paulinho
e Renato Augusto; Willian (Taison), Gabriel Jesus e Philippe Coutinho
(Giuliano). Técnico: Tite.
GOLS –
Gabriel Jesus, aos 7 minutos do primeiro tempo; Willian, aos 7 minutos do
segundo tempo.
CARTÕES AMARELOS – Wilker Ángel, José Velázquez e Herrera (Venezuela); Paulinho (Brasil).
ÁRBITRO – Victor Carrillo (Fifa/Peru).
RENDA – Não disponível.
PÚBLICO – 40.726 pagantes.
LOCAL – Estádio Metropolitano, em Mérida (Venezuela).
CARTÕES AMARELOS – Wilker Ángel, José Velázquez e Herrera (Venezuela); Paulinho (Brasil).
ÁRBITRO – Victor Carrillo (Fifa/Peru).
RENDA – Não disponível.
PÚBLICO – 40.726 pagantes.
LOCAL – Estádio Metropolitano, em Mérida (Venezuela).
O ESTADÃO