Domingo, 13 de novembro de 2016
Imagem ilustrativa
Mais 20 milhões de brasileiros sofrem algum tipo de arritmia
cardíaca, doença responsável por mais de 320 mil mortes súbitas todos os anos
no país, segundo dados da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac).
As palpitações são um dos principais sinais de que o ritmo do coração está fora
do normal. E, mesmo quando isso ocorre durante algum esforço ou exercício, é
preciso estar alerta sobre sintomas mais fortes. Além da palpitação, a
alteração da frequência cardíaca para um ritmo mais acelerado ou mais lento
também pode provocar tonturas, náuseas e vômitos.
A receita do médico Jairo Rocha, arritmologista e eletrofisiologista, membro da
Sobrac, é buscar hábitos saudáveis de alimentação, exercícios frequentes e
controle de doenças como obesidade e diabetes. Mas, no momento da crise, a
solução é tentar sentir o pulso quando os sintomas aparecem e procurar um
especialista se verificar uma aceleração ou redução do ritmo. “A pessoa pode
sentir desde palpitações, mal-estar, tontura e cansaços e ser uma arritmia
benigna. Mas existem as malignas e essas podem levar a morte. Para saber se é
grave ou não, o especialista tem que ver. Na grande parte das vezes, a arritmia
é benigna mas tem que ter cuidado”, alertou Rocha em entrevista hoje (12), Dia
Nacional de Prevenção das Arritmias Cardíacas e Morte Súbita.
O registro dessa alteração no coração deve ser feito, segundo o médico, por um
aparelho chamado eletrocardiograma, que pode identificar alterações até fora
das situações de crise em alguns casos. O ideal, segundo Rocha, é que, em caso
de qualquer sintoma fora do normal, o paciente procure um hospital para fazer
essa medição dos batimentos porque esse registro é fundamental para o diagnóstico
do tipo de arritmia e tratamento.
Rocha lembrou o caso do zagueiro Serginho, jogador do São Caetano, que, aos 30
anos, caiu no gramado do Morumbi durante o jogo contra o São Paulo em outubro
de 2004. “O caso do Serginho que caiu e teve morte súbita foi uma arritmia
maligna. Nunca se deve fazer atividade física sem passar por um
eletrocardiograma, que é fundamental”, disse. Segundo o especialista, com o
diagnóstico é possível identificar casos benignos ou casos que podem ser
controlados com uso de medicamentos ou tratados com intervenções médicas usando
técnicas como a ablação. “Nos casos que não conseguem tratamento curativo e de
controle ou quem já tem arritmia maligna genética e o risco é muito grande, a
gente indica o marcapasso com desfibrilador acoplado. Esse equipamento detecta
a arritmia e o marcapasso libera o choque salvando a vida do paciente. Se
estivesse usando esse equipamento, Serginho talvez ainda estivesse aqui”,
explicou.
Um dos tipos de arritmia é a fibrilação arterial, que atinge principalmente
pessoas idosas e é uma das grandes responsáveis pelo aumento de casos de
acidente vascular cerebral (AVC), popularmente conhecido como derrame. “Acima
dos 60 anos, a incidência começa a aumentar e é responsável pelo maior número
de AVC nessa população. Muitas vezes é assintomática, a pessoa tem e não sabe
que tem. Com o eletrocardiograma você identifica mesmo sem a crise na hora”,
disse. Apesar de destacar a faixa etária mais vulnerável, Rocha alertou que
pessoas mais jovens podem sofrer com esse tipo de alteração da frequência
cardíaca e por isso devem redobrar atenções se identificarem qualquer alteração
mais brusca.
Rocha explicou que, com o passar do tempo, a fibrilação pode evoluir para um
aumento do coração ou facilitar formação de trombos no coração. “Tem parte do
coração que não se contrai, como o sangue não consegue passar, ele começa a
acumular, e sangue parado coagula. Esse coágulo pode entrar na circulação
sanguínea e obstruir circulação podendo levar à trombose, embolia pulmonar ou
ao AVC”, explicou o médico.
Agência Brasil