Sábado, 26 de novembro de 2016
Versão contada pelo 1º suspeito preso
foi desmontada pela polícia na PB.
Depoimentos
confirmam que ela foi morta porque gritou para ir para casa.
Vivianny Crisley estava desaparecida após festa em boate de João Pessoa
(Foto: Reprodução/TV Cabo Branco)
A vendedora Vivianny Crisley foi golpeada sucessivamente
com chave de fenda na cabeça e seu corpo foi queimado com a ajuda de gasolina e
um pneu, informou o delegado Marcos Paulo Vilela na manhã desta sexta-feira
(25). Segundo ele, o primeiro homem preso suspeito de envolvimento no crime, Allex
Aurélio Tomás dos Santos, mentiu sobre sua versão e induziu a polícia ao erro, mas confirmou que a jovem foi morta porque gritava para ir
para casa. Além dele, outros dois suspeitos também presos teriam participado do
crime.
Vivianny Crisley estava desaparecida desde a madrugada do dia 20 de outubro, após ser
vista saindo de um bar na Zona Sul de João Pessoa. A confirmação de que um corpo achado no dia 7 de novembro carbonizado, em uma mata em Bayeux, na Grande João Pessoa, era de Vivianny foi feita no dia 14.
Uma dupla presa na segunda-feira (21) no Rio de Janeiro, Jobson
Barbosa da Silva Júnior, conhecido como Juninho, e Fágner das Chagas Silva,
apelidado de Bebé, contou versões semelhantes do caso, mas contraditórias com a
que foi dada por Allex no início das investigações.
Segundo eles, o trio conheceu Vivianny na noite do
crime, no bar em que eles estavam e de onde saíram de carro para procurar outro
lugar onde encerrar a noite. Como não acharam outro bar aberto, foram para a
casa de Juninho, em Bayeux, próximo ao local onde o corpo de Vivianny foi
encontrado.
Segundo os próprios suspeitos, Juninho e Allex entraram
na residência, enquanto Vivianny e Bebé ficaram dentro do carro. Juninho e
Allex voltaram com as chaves de fenda e atacaram Vivianny, tiraram gasolina de
uma moto, colocaram um pneu de bicicleta em cima do corpo e atearam fogo.
Outra
contradição apontada pela polícia no depoimento de Allex é que ele informou ter
voltado ao local onde o corpo estava no dia seguinte para tocar fogo no carro
usado no crime, que era roubado. Allex disse que foi até o local com um quarto
homem, que chegou a ser preso, mas depois a polícia identificou que essa
informação não procedia e que ele fez tudo sozinho. Por isso, o delegado vai
pedir que a prisão desse quarto homem seja revogada.
De acordo com os depoimentos dos três, a motivação do
crime foi mesmo o fato dela ter gritado dentro do carro e ficar 'perturbando' o
trio para ir para casa. Nenhum dos suspeitos revelou se havia intenção de
estuprar Vivianny, segundo a polícia.
Situação do corpo dificulta perícia
A confirmação de que o corpo achado era mesmo de Vivianny foi possível após um exame de DNA realizado pelo IPC, que comparou o material genético de pedaços de pele retirados do corpo com o de familiares da jovem. O corpo foi encontrado no mesmo dia da prisão do primeiro suspeito.
Segundo o
médico legista Flávio Fabres informou nesta sexta-feira, o corpo não foi
esquartejado e o fogo só destruiu a parte torácica da jovem, mas o estado de
decomposição dificultou o trabalho da perícia. Por isso, o laudo não foi
concluído ainda, nem a causa da morte definida.
Mesmo com a
confirmação de que Vivianny foi golpeada diversas vezes na cabeça e também
no rosto, os golpes não chegaram a provocar traumatismo craniano.
Outra repercussão do estado do corpo é que não foi
possível determinar se houve estupro. O delegado Marcos Paulo explica que seria
necessário encontrar material genético do suspeito e de Vivianny na roupa.
"Seria irresponsável dizermos que houve um estupro. Não temos como afirmar
se houve ou não. A polícia trabalha com o que é concreto, não com ilações",
explica. Na avaliação dele, "entre estar com a finalidade de estuprar, de
levar ela pra um lugar afastado, mas provar isso [que houve o estupro] tem uma
distância muito grande".
Durante a apresentação na manhã desta sexta-feira, os
três trocaram acusações ao falarem com a imprensa. O inquérito só deve ser
concluído na segunda-feira (28), mas os três presos devem ser indiciados por
sequestro, homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver e podem
pegar até 36 anos de pena. Suas prisões, que são temporárias, devem ser
transformadas em preventivas. O trio segue preso na Central de Polícia em João Pessoa.
Do G1 PB