Sexta-feira, 16 de dezembro de 2016
Manifestantes reclamam após vereadores aumentarem
os próprios salários.
Foram usados 100 kg de esterco em protesto no
prédio, diz organização.
Protesto jogou esterco na entrada da Câmara Municipal de Campina Grande
(Foto: Josusmar Barbosa/Jornal da Paraíba)
Um grupo de pelo menos oito pessoas jogou
esterco no hall da Câmara de Vereadores de Campina Grande, no
Agreste paraibano, na manhã desta quinta-feira (15). O esterco foi espalhado
também pela rampa de acesso ao prédio e fez parte de um protesto contra um reajuste de 26% e 13º salário aprovados na quarta-feira (14) pelos vereadores para os próprios subsídios, a partir de
janeiro de 2017. Segundo os manifestantes, foram usados 100 kg de esterco no
protesto.
O grupo entrou nas galerias do prédio e houve discussão
com o presidente da Câmara. A polícia acompanhou o
protesto. O
presidente da Câmara, o vereador Pimentel Filho (PSD) disse que vai acionar a
Justiça. “Depredar patrimônio público é crime, vou entrar com uma queixa crime
sobre isso”, disse, defendendo que “o cidadão tem que responder pelos seus
atos”.
Um dos participantes do protesto, Luis
Felipe Nunes, reclama da atitude dos vereadores. “Eles ganham mais de dez vezes
o que ganha um trabalhador, eles precisam respeitar o voto que receberam na
rua”, justifica.
A câmara
aprovou dois projetos de lei que estabelecem reajuste de 26% e implantação de
13º salário para os vereadores,
prefeito, vice-prefeito, secretários e secretários adjuntos da cidade.
Com a
aprovação, o subsídio do prefeito Romero
Rodrigues (PSDB) subiria para R$ 22.700. Atualmente a remuneração base dele é
de R$ 20 mil. Entretanto, em agosto de 2015, o prefeito determinou a
redução de 40% do próprio salário e passou a receber R$ 12 mil.
Manifestantes ocuparam galeria da Câmara de Vereadores de Campina
Grande (Foto: Gustavo Xavier/G1)
Em resposta à decisão da Câmara de
Vereadores, Romero Rodrigues disse que vai vetar o reajuste dele e do vice,
mantendo a decisão de reduzir seu salário. Em respeito à autonomia da câmara,
no entanto, ele disse que vai sancionar a decisão sobre os salários do
legislativo.
Com a mudança,
os subsídios dos vereadores sobem de R$ 12.025 para R$ 15.193, o que representa
um aumento de 26,3%. Já o futuro
presidente da Câmara de Vereadores passa a ganhar R$ 22.700. Todos também devem
receber 13º salário proporcional ao tempo em que estiverem no cargo, em cada
ano, tendo como base de cálculo o salário já reajustado.
Já o salário do futuro vice-prefeito Enivaldo Ribeiro
(PP) e dos secretários que eram de R$ 11,2 mil passariam para R$ 15 mil. Todos
também deveriam receber 13º salário, a partir de 2017. Além do aumento
e da implantação do 13º, outro detalhe nos projetos é que os gestores vão pode
até solicitar a antecipação de 13º salário de cada ano, já a partir do mês de
junho.
Em defesa dos vereadores
Sobre as leis aprovadas concedendo reajuste aos
vereadores, o presidente da câmara Pimentel Filho defende que foi obedecida a
constituição, que estabelece que os reajustes precisam ser votados na gestão
anterior. “Não é um salário, é um subsídio que precisa ser aprovado no ano
anterior. Várias outras câmaras do Brasil estabeleceram o 13º, não é ilegal,
mas se for revogar, tem que revogar de todos”, avalia.
Do G1 PB