O empresário José Yunes, de acordo
com informações da colunista Mônica Bergamo, está decidido a esclarecer um
episódio em que se envolveu em 2014, e que veio à tona na delação premiada de
Claudio Melo Filho, um dos ex-executivos da Odebrecht que fez acordo de
colaboração com a Justiça: o de que ele teria recebido dinheiro vivo em seu
escritório, em São Paulo.
Yunes, que é um dos melhores amigos do presidente Michel Temer e
foi seu assessor especial até o ano passado, diz à Folha que pode ter sido um
mero “mula” e que nunca teve nada a ver nem com a origem nem com o destino de
recursos para campanhas eleitorais.
Ele foi espontaneamente prestar depoimento à Procuradoria-Geral
da República sobre o assunto na semana passada.
Em depoimentos de delação, cujo teor foi revelado em dezembro
passado, Cláudio Melo Filho disse ter participado de um jantar no Palácio do
Jaburu com Marcelo Odebrecht, Temer e o hoje chefe da Casa Civil, Eliseu
Padilha.
Na ocasião, contou Melo Filho, Temer pediu apoio financeiro para
o PMDB na campanha eleitoral de 2014. O empreiteiro afirmou, ainda segundo a
delação, que pagaria R$ 10 milhões, sendo que R$ 4 milhões ficariam sob
responsabilidade de Padilha. Melo Filho diz que um dos pagamentos foi feito na
sede do escritório de advocacia de Yunes, no Jardim Europa, em São Paulo.
Agora, Yunes conta que, naquele ano, em meio à campanha
eleitoral, recebeu um telefonema de Padilha, afirmando que precisaria de um
favor.
Hoje ministro queria que Yunes recebesse em seu escritório
alguns “documentos”, que depois seriam retirados de lá por um emissário.
O empresário concordou.
Na hora combinada, para a sua surpresa, Lucio Funaro, tido como
operador do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-SP), apareceu no
escritório, que fica na região da avenida Faria Lima. “Ele chegou trazendo um
pacote”, diz Yunes.
Yunes diz que até hoje não sabe o conteúdo do pacote e que não
se preocupou na época em esclarecer o que havia dentro dele.O empresário conta
ainda que mal conversou com Funaro.
O episódio tem incomodado Yunes, que deixou a assessoria
especial de Temer depois que o caso foi divulgado, ainda em 2016.”Pedi demissão
para defender a minha inocência nesse episódio e para que tudo fique muito bem
esclarecido, não querendo me prevalecer nem do cargo nem da proximidade com o
presidente”, afirmou ele à Folha.
Ao pedir demissão, Yunes disse em carta que seu nome tinha sido
jogado “no lamaçal de uma abjeta delação” premiada e criticou a “fantasiosa
alegação, pela qual teria eu recebido parcela de recursos financeiros em
espécie”.
Na ocasião, também citou a amizade de “décadas” com Temer.Em
dezembro, o Planalto disse que as doações da Odebrecht ao PMDB foram declaradas
à Justiça Eleitoral. “Não houve caixa dois, nem entrega em dinheiro a pedido do
presidente.”Procurado por meio de sua assessoria, Padilha não respondeu.
CUNHA
CUNHA
O episódio já havia sido mencionado também por Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), que está preso. Ao chamar Temer como testemunha de defesa em ação da
Lava Jato, Cunha perguntou, em documento: “O sr. José Yunes recebeu alguma
contribuição de campanha para alguma eleição de Vossa Excelência ou do PMDB?”
O ex-deputado questionou ainda se essas contribuições foram realizadas de “de forma oficial ou não declarada”. O juiz Sergio Moro, responsável pelo caso, indeferiu os questionamentos.
Com da Folhapress
O ex-deputado questionou ainda se essas contribuições foram realizadas de “de forma oficial ou não declarada”. O juiz Sergio Moro, responsável pelo caso, indeferiu os questionamentos.
Com da Folhapress