Segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017
Menino come refeição distribuída durante um programa social de alimentação em favela na cidade de Tondo, nas Filipinas
Pesquisadores
conseguiram decodificar quase todo o genoma da quinoa, um avanço que deve
facilitar o desenvolvimento da cultura deste "grão de ouro", que é
visto como uma esperança para alimentar a humanidade, segundo um estudo
publicado nesta quarta-feira na revista científica Nature.
O genoma desta planta (Chenopodium quinoa), cultivada pelos incas nos Andes
séculos atrás, tem mais de 1,5 bilhão de blocos de DNA.
"A quinoa poderia fornecer uma fonte de alimento saudável e rica em
nutrientes" nas regiões áridas e secas do mundo, disse Mark Tester,
professor na Universidade King Abdullah de Ciência e Tecnologia, na Arábia
Saudita, que liderou a equipe internacional de pesquisadores.
"O
conhecimento do seu genoma nos faz dar mais um passo nessa direção",
acrescenta.
A quinoa apresenta uma série de benefícios nutricionais. Muitas vezes
considerada um cereal, ela pertence, na verdade, à família da beterraba e do
espinafre (Chenopodiaceae),
e é pobre em gorduras e rica em ferro, ômega-3 e proteínas.
De acordo com especialistas, a quinoa é o único alimento vegetal que tem todos
os aminoácidos essenciais; o seu valor nutricional é maior do que o do ovo ou o
do leite.
"A quinoa é incrivelmente resistente e pode crescer em solos pobres,
salinos e em altas altitudes", observou Tester.
Por outro lado, este vegetal produz naturalmente uma substância amarga, a
saponina, de modo que os grãos devem ser lavados abundantemente antes do
consumo.
Os pesquisadores identificaram um gene que parece regular a produção de
saponina na quinoa.
"Isto poderia facilitar a seleção de plantas sem saponina para dar aos
grãos um gosto mais doce", disse Tester.
O Peru e a Bolívia são os principais produtores de quinoa. Nos últimos anos, o
grão virou moda entre os fãs de alimentos saudáveis dos países ocidentais.
AFP