Quarta-feira, 08 de fevereiro de 2017
Michele e Maisa
Santiago, mãe e filha, sobreviveram a um parto muito delicado no hospital
Memorial Guararapes, em Pernambuco. No dia 6 de janeiro, Michele chegou ao
pronto-socorro e teve uma parada cardíaca quando estava prestes a dar à luz. A
equipe médica, então, fez um parto de emergência enquanto a mulher parecia não
ter sinais vitais.
De acordo com o
obstetra Gláucius Nascimento, que fez parte da equipe responsável pelo parto,
casos desse tipo são raros e ocorrem em torno de um para cada 30 mil
nascimentos.
Quando chegou ao hospital, Michele estava com um quadro de pré-eclâmpsia
grave [hipertensão na gestação] e sua pressão arterial não se estabilizou com a
medicação. "Cheguei com dor de cabeça e na nuca, descobri que era pressão
alta. Quando deitei na cama e recebi a medicação, comecei a passar muito mal.
Senti uma queimação e fiquei com falta de ar. Virei para o lado e vomitei.
Depois disso, não lembro de mais nada", explicou em entrevista ao UOL.
O coração dela parou
de bater pouco antes do parto e, segundo Nascimento, foi preciso pensar rápido
para fazer uma cesárea de emergência e salvar as vidas da bebê e da mãe.
"Ela não chegaria com vida se a transferíssemos da sala de pré-parto para
o centro cirúrgico. Graças a toda equipe, conseguimos fazer a cesariana em
cinco minutos e retirar o bebê para que desfibrilassem a Michele. Quando a
mulher está grávida e tem uma parada cardíaca, não podemos dar o choque para
reanimá-la", explica Nascimento.
"O hospital
parou. O material chegou muito rápido e foi como em uma situação de guerra.
Pegamos a lâmina de bisturi, e não o elétrico como de costume, e operamos o
quanto antes para salvar as duas. O bom foi que o anestesista logo conseguiu
entubar a Michele e realizamos o parto no tempo. A equipe estava integrada,
como uma orquestra, em cada que um precisa tocar seu instrumento para a música
sair excelente", afirma Nascimento.
Maisa foi retirada em
situação de morte aparente, mas Nascimento conta que, no primeiro minuto, ela
já respondeu a uma ventilação por oxigênio e se recuperou. "Sabíamos que o
caso era grave, então quando tivemos o desfecho positivo com a bebê, a equipe
já se contagiou de alegria”, relembra.
Na sequência, Michele
foi reanimada e voltou para o ritmo cardíaco normal. Ela ficou internada na UTI
do hospital e, depois de alguns dias, foi transferida para o quarto.
"Quando acordei na UTI, já botei a mão na barriga e minha mãe falou que
minha bebê estava bem no berçário. Me acalmei. Foi um milagre", afirma.
Os médicos estudaram
o caso de Michele e o diagnóstico foi que a mulher sofreu a parada cardíaca por
conta de uma embolia pulmonar por líquido amniótico. “A causa não é
conhecida, mas é como se o líquido tivesse formado um coágulo que se rompeu e
poderia ter chegado no pulmão. É um evento raro”, explica Nascimento.
Atualmente, Michele
segue tomando remédio para pressão. “Estou tranquila e agora posso fazer tudo e
tomar conta e cuidar dela”, conta a mãe, que comemorou recentemente o
mesversário da filha.
UOL