Quarta-feira, 19 de abril de 2017
Foto: Reuters
CBF
fechou 2016 com um faturamento de R$ 647 milhões, segundo relatório apresentado
nesta terça-feira em assembleia-geral da entidade. O valor é o maior da
história e é muito mais alto do que o registrado pelos clubes de maior receita
no país. O Flamengo, por exemplo, faturou R$ 510 milhões, contra R$ 497 milhões
do Palmeiras. A CBF ainda não divulgou o documento completo com os números,
mesmo após aprovação unânime na assembleia desta terça-feira. Os dados foram
fornecidos pelo secretário-geral, Walter Feldman. A entidade promete torná-lo
público após o registro da ata da reunião e o cumprimento de todos os detalhes
burocráticos.
Apesar de ter
aumentado seu faturamento, que em 2016 foi de R$ 519 milhões, a CBF lucrou
menos. O superávit da entidade no ano passado foi de R$ 44 milhões, contra R$
72 milhões em 2015. Segundo a entidade, o que explica a queda no lucro é a
variação cambial. O balanço registra perdas de R$ 39 mihões no item. Os
contratos de patrocínios e ganhos da seleção brasileira são em dólar.
A maior parte do
dinheiro que entra nos cofres da CBF vem dos patrocínios com a seleção
brasileira. Apesar de ter perdido parceiros em 2016, a entidade fez contratos
com valores maiores. O ganho nesse quesito foi de R$ 411 milhões, contra R$ 339
milhões de 2015. As receitas com direitos de transmissão também aumentaram: R$
117 milhões em 2016, contra R$ 112 no balanço anterior. Completam o faturamento
ganhos com taxas de registro, licenças, e outros itens.
Confira os
principais números:
Faturamento total:
R$ 647 milhões (2016) / R$ 510 milhões (2015)
Superávit: R$ 44
milhões (2016) / R$ 72 milhões (2015)
Patrocínios: R$ 411
milhões (2016) / R$ 339 milhões
Custos com futebol
(seleções e repasses a federações): R$ 288 milhões (2016) / R$ 226 milhões
(2015)
Crise não impede bons números
A crise
institucional no futebol mundial, com investigações e prisões de vários
dirigente, não teve grande impacto nas finanças da entidade. Ao contrário da
Fifa, que registrou prejuízo de US$ 369 milhões - mesmo que ainda esteja em
situação financeira confortável -, a entidade brasileira conseguiu apresentar
bons números. Walter Feldman atribui os resultados à boa administração.
- Acho que a CBF,
nesta gestão, vivemos o pior período na história do futebol desde que chegamos
aqui. Com estes resultados que estamos apresentando, mostramos que, além de
superar a crise que enfrentamos, mostramos que pode ser que durante a crise
você cresça e encontre respostas. Não tivemos impacto financeiro que,
infelizmente, a Fifa demonstrou em seu balanço - argumentou.
Desde maio de 2015,
o ex-presidente da CBF, José Maria Marin cumpre prisão domiciliar nos Estados
Unidos. O também ex-presidente da entidade, Ricardo Teixeira, e o atual
mandatário, Marco Polo Del Nero, foram acusados pelo FBI de receber propinas em
negociações de direitos de torneios. Desde então, Del Nero não saiu do Brasil.
Investimento em futebol aumenta
Além da variação
cambial, outro fator explica o fato de a CBF ter tido um lucro menor mesmo com
faturamento maior. Em 2016, a entidade dobrou o investimento em futebol. O item
agrupa os gastos com seleções (seleção principal, seleções de base e feminina)
e os repasses para as federações, o qual a CBF chama de "fomento ao
futebol".
Foram gastos R$ 288
milhões em futebol em investimentos diretos, contra R$ 226 milhões no balanço
anterior. Se somadas as despesas indiretas, que incluem gastos com funcionários
que atuam no setor, o valor chega a R$ 488mi. Os gastos com tributos e impostos
foram de R$ 104 milhões.
Assembleia sem participação dos clubes
Somente as 27
federações estiveram representadas no evento. A exemplo do último encontro, que
definiu mudanças no estatuto e o aumento do peso do voto das entidades
estaduais, os clubes não foram convidados. Desde agosto de 2015, quando o
Programa de modernização da gestão e de responsabilidade fiscal do futebol
brasileiro (Profut) alterou alguns artigos da Lei Pelé. Um deles é o artigo 22,
que agora prevê a participação de clubes das Séries A e B no colégio eleitoral
das entidades de administração. A CBF entende que os times só devem comparecer
em assembleias eleitorais.
- Desde a última
assembleia até hoje, conversamos muito com os clubes. Algumas coletivas,
algumas individuais. Podemos pormenorizadamente todas as mudanças estatutárias,
o código de ética, e para aqueles que levantaram dúvidas, falamos também sobre
as questões de prestação de contas. Não houve nenhum tipo de questionamento.
Estamos cumprindo a lei. Temos sete pareceres de juristas respeitados nesse
sentido - declarou o secretário-geral da CBF, Walter Feldman.
Globo Esporte