Quarta-feira, 24 de maio de 2017
Com a piora do cenário político, aliados do presidente Michel Temer
admitem, de forma reservada, que pode haver a cassação, pelo Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), da chapa formada por ele e Dilma Rousseff na eleição de 2014.
Na manhã desta terça, ministros relataram que Temer segue com a
postura de enfrentar a delação da JBS. Ou seja, não pensa em renunciar nem
trabalha com a possibilidade de sofrer impeachment.
A convicção de Temer sobre o impeachment tem razão de ser. Cabe ao
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), aliado do presidente, analisar os
pedidos.
Oficialmente, Maia nega que o tema esteja em discussão na Câmara. Ele
também tem reafirmado apoio ao presidente.
Mas, segundo deputados, Maia, sempre que questionado sobre isso, tem
confidenciado a aliados que não será "pela sua caneta" que Temer
cairá.
Mesmo diante da resistência de Temer, aliados do presidente admitem que
o "fator Rocha Loures" e a prisão do ex-vice-governador do DF Tadeu
Fillipelli (PMDB) complicam a governabilidade do presidente. E assessores fazem
a seguinte conta: calculam que três dos sete ministros do TSE cassariam a
chapa.
Diz um interlocutor do Planalto: "Três votos contra é certeza. A
dúvida é o quarto ministro. Só que antes não havia dúvidas, agora sim."
Nomes
Nas discussões de bastidor, os nomes debatidos pelos aliados de Temer -
em caso de eleições indiretas, como prevê a Constituição - são, principalmente,
os de Rodrigo Maia e do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
Quem defende Maia diz que ele tem interlocução com a oposição e
representaria o mesmo grupo político de Temer - para justificar que ele
"herdaria" a base de apoio no Congresso.
Pesa contra Maia, na avaliação dos mesmos aliados, o fator Lava Jato.
Ele é alvo de dois inquéritos autorizados por Edson Fachin.
Um dos personagens políticos que articula o nome de Maia como candidato
diz que, se ele assumir a presidência da República, não poderá ser investigado.
Pela Constituição, o presidente da República só pode ser investigado por
atos cometidos durante o exercício do mandato e com autorização do STF.
E Maia é acusado de crimes que teriam acontecido entre 2010 a 2014.
Uma ala do Planalto, por sua vez, defende o nome de Henrique Meirelles.
Hoje ministro da Fazenda, a avaliação de defensores dele é que Meirelles tem
respeito do mercado e garantiria a continuidade da agenda da pauta fiscal -
principalmente as reformas.
Ventilado nos bastidores do governo está também o nome da ministra
Carmen Lúcia. Mas a presidente do STF afasta a ideia a interlocutores. Ela tem
negado, a quem a questionou nos últimos dias, qualquer intenção de se
candidatar.
Ela repete ser um "delírio", "sem chance" e diz que
não teria correspondência com sua trajetória no Judiciário.
Argumenta, também, que hoje o lugar que ela precisa estar é a
presidência do STF para garantir o cumprimento da Constituição.
Além disso, a ministra teria de ser filiada a algum partido político -
já que não se aceita candidatura avulsa.
G1 - Andréia Sadi