Domingo, 25 de junho de 2017
Presidente Michel
Temer, em Brasília. 09/06/2017 REUTERS/Ueslei Marcelino
BRASÍLIA (Reuters) - Preso há
praticamente um ano na Penitenciária da Papuda Brasília por ordem da operação
Lava Jato, o empresário Lúcio Funaro quer fechar o acordo de delação premiada
com a Procuradoria-Geral da República na próxima semana tendo como um dos alvos
preferenciais o presidente Michel Temer.
Segundo uma fonte envolvida nas negociações, Funaro vai se
reunir nesta quinta-feira com sua equipe de advogados para fechar os termos da
chamada pré-delação para ser apresentada ainda em junho à equipe do
procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Um aperitivo da disposição do empresário em delatar foi revelado
no depoimento que ele prestou, na sexta-feira passada à Polícia Federal, em que
acusou Temer de ter orientado a distribuição de recursos desviados da Caixa e
saber do esquema de propina paga em contrato da Petrobras com a Odebrecht.
Nesse depoimento, ele disse estar disposto a fazer uma colaboração premiada.
A fase de pré-delação é aquela em que o potencial delator
apresenta aos procuradores um cardápio do que pretende revelar crimes em que se
envolveu com outras pessoas e indicar o caminho das provas.
Após essa fase, o Ministério Público diz se concorda com o
cardápio, toma o depoimento dele e recolhe as provas para futura homologação
pelo Poder Judiciário.
O foco de Funaro, conforme a Reuters revelou esta semana, é
tentar fechar um acordo de delação com a equipe do procurador-geral da
República, Rodrigo Janot. A avaliação dele é que, com ela, ele conseguirá se
livrar ou ao menos reduzir a pena em investigações que correm no Supremo
Tribunal Federal (STF), em Brasília e em Curitiba.
A tentativa de fechar delação com o Ministério Público Federal
em primeira instância ou com a Polícia Federal não teria idêntica repercussão
--em termos de eventuais benefícios-- para Funaro.
No início do ano, o empresário já apresentou, por meio de
advogados, um cardápio inicial do que desejava delatar, mas na ocasião as
tratativas não avançaram. Ele espera que, desta vez, as negociações sejam
concluídas.
Por Ricardo Brito
Por Ricardo Brito
Reuters