Sábado, 17 de junho de 2017
Empresário
dono da JBS detalha como começou o relacionamento com o presidente da República
e explica como Temer chefiava o esquema de propinas
Um dos donos do grupo J&F,
holding dos frigoríficos JBS, Joesley Batista, detalhou como era seu
relacionamento com o presidente Michel Temer, desde 2009, quando se conheceram.
Segundo o empresário, que explodiu a delação mais estrondosa da Operação
Lava-Jato, citando o presidente da República e o agora senador afastado Aécio
Neves diversas vezes, Temer é o "chefe da quadrilha mais perigosa do
Brasil". A declaração foi dada em entrevista à revista Época.
Joesley, que prestou mais um depoimento na manhã desta sexta-feira (16/6) na sede da Polícia Federal,
em Brasília, não economizou em adjetivos ao presidente. Ele detalha como se
tornou o maior empresário articulador de políticos na história do Brasil. À
revista, ele detalha porque decidiu delatar o chefe do Executivo nacional e
fala sobre o jeito de Temer convocar uma reunião. "Nunca foi uma relação
de amizade. Sempre foi uma relação institucional, de um empresário que
precisava resolver problemas e via nele a condição de resolver problemas. Acho
que ele me via como um empresário que poderia financiar as campanhas dele – e
fazer esquemas que renderiam propina. Toda vida tive total acesso a ele. Ele
por vezes me ligava para conversar, me chamava, eu ia lá", disse o
empresário.
Quando questionado se Temer pedia
algo em troca, Joesley disse que as reuniões — que aconteciam tanto no Jaburu,
quanto na residência do peemedebista, em São Paulo, em sua casa — sempre
estavam ligadas a algum pedido, algum favor. " Uma delas foi quando ele pediu
os R$ 300 mil para fazer campanha na internet antes do impeachment, preocupado
com a imagem dele. Fazia pequenos pedidos", explicou.
Batista cita nomes de políticos
influentes. Temer, Eduardo Cunha, Padilha, Moreira Franco... Segundo ele, é um
grupo liderado pelo próprio presidente. "Quem não está preso está hoje no
Planalto. Essa turma é muita perigosa. Não pode brigar com eles. Nunca tive
coragem de brigar com eles. Por outro lado, se você baixar a guarda, eles não
têm limites. Então meu convívio com eles foi sempre mantendo à meia distância:
nem deixando eles aproximarem demais nem deixando eles longe demais. Para não
armar alguma coisa contra mim", disse à revista.
Correio Brasiliense