Sábado, 10 de junho de 2017
O
método, pioneiro no mundo, foi desenvolvido por médicos no Ceará
Grelhada, frita ou no vapor. Há dezenas de receitas para o preparo da
tilápia, um peixe de água doce que se reproduz com grande velocidade.
Mas além de ser saboroso e rico em proteínas, o peixe tem um
potencial único no campo da medicina, especificamente para o tratamento de
queimaduras de pele de segundo e terceiro graus.
O método, pioneiro no mundo, foi desenvolvido por médicos no
Ceará.
"No Brasil, para tratar queimaduras, usamos normalmente um
creme com efeito de 24 horas. Todos os dias, é preciso trocar o curativo, tirar
o creme, enxaguar a área queimada, colocar o creme novamente e fazer um novo
curativo", explica Edmar Maciel, cirurgião plástico e presidente do
Instituto de Apoio ao Queimado (IAQ), que desenvolveu o procedimento.
"Isso acaba sendo muito trabalhoso, custoso e doloroso",
acrescenta ele.
O método oferece muitos benefícios.
Como permanece sobre a queimadura durante vários dias, em função
da gravidade do ferimento, a pele do peixe evita as dores que resultam na
necessidade da troca do curativo.
Em outros países, é usada a pele de outros animais, principalmente de
porco.
Mas uma grande vantagem de usar a tilápia é que "sabemos que
esses peixes tem menos possibilidades de transmitir doenças do que os
terrestres", assinala Maciel.
Por outro lado, tem uma maior quantidade de uma proteína chamada
colágeno tipo 1, uma melhor resistência (similar à pele humana) e um grau
adequado de umidade que ajuda na cicatrização.
Por sua boa aderência, a pele evita a contaminação externa e
limita a perda de proteína e plasma, o que pode gerar desidratação e, em última
instância, causar a morte do paciente.
Antes de ser utilizada, a pele do peixe é submetida a um processo
de limpeza em que são retirados as escamas, o tecido muscular, as toxinas e o
odor característico do peixe.
Depois, é estirada em uma prensa e cortada em tiras de 10 cm por
20 cm.
O resultado é um tecido flexível, similar à pele humana.
As tiras de pele são armazenadas em um congelador a uma
temperatura entre 2 e 4 graus Celsius por no máximo dois anos.
O trabalho dos pesquisadores foi premiado várias vezes no Brasil.
Agora, a equipe analisa a possibilidade de usar a pele de tilápia em
outras áreas da medicina, como, por exemplo, no campo da ginecologia, na
atresia vaginal ou para uso em endoscopia.
Também será feito um estudo comparativo para avaliar as diferenças no
tratamento das queimaduras entre a pele do porco, do cachorro, humana e da
tilápia.
BBC