Segunda-feira, 21 de agosto de 2017
Levantamento
divulgado nesta segunda-feira (21) pelo Jornal O Estado de São Paulo revela que
a Paraíba foi o segundo Estado
da região Nordeste que conseguiu reduzir o número de homicídios dolosos, lesões
corporais seguidas de morte e latrocínios (roubos seguidos de morte) neste
primeiro semestre do ano. O estado mostra ainda que o Brasil já ultrapassou a
marca dos 28 mil assassinatos cometidos em 2017.
A Paraíba,
de acordo com o levantamento feito Estadão, reduziu em 9,63% o número de
homicídios em comparação com o mesmo período do ano passado (696 em 2016 contra
629 em 2017).
Da região Nordeste, além da Paraíba,
apenas Sergipe (-12,54), Piauí (-4,56%) e Bahia (-2,41%) conseguiram reduzir o
número de homicídios este ano. Na entanto, os estados de Pernambuco (+37,88%),
Ceará (+31,90%), Rio Grande do Norte (+26,27%) e Alagoas (+4,31%) caminharam na
contramão e registraram aumento no número de assassinatos. O estado do Maranhão
ficou de fora da avaliação, já que o governo local não forneceu os dados
solicitados.
Clique aqui ou leia
abaixo a matéria completa publicada pelo Estadão:
Brasil registra 28 mil
homicídios no 1º semestre
O Brasil já ultrapassou a marca dos 28 mil assassinatos cometidos
neste ano. De acordo com dados fornecidos pelas secretarias estaduais de
segurança pública, no 1.º semestre o País chegou a 28,2 mil homicídios dolosos,
lesões corporais seguidas de morte e latrocínios (roubos seguidos de morte).
São 155 assassinatos por dia, cerca de seis por hora nos Estados
brasileiros, onde as características das mortes se repetem: ligada ao tráfico
de drogas e tendo como vítimas jovens negros pobres da periferia executados com
armas de fogo. O número é 6,79% maior do que no mesmo período do ano passado e
indica que o País pode retornar à casa dos 60 mil casos anuais.
O aumento acontece em um ano marcado pelos massacres em presídios,
pelo acirramento de uma briga de duas facções do crime organizado (Primeiro
Comando da Capital e Comando Vermelho), dificuldades de investimento dos
Estados na área e um plano federal de apoio que avança menos que o prometido.
Em âmbito local, o aumento é puxado pelas elevações em Estados
nordestinos, como Pernambuco. Se o País teve 1,7 mil homicídios a mais neste
semestre, boa parte, 913, se deve à derrocada do Pacto Pela Vida, programa
pernambucano que vinha conseguindo reduzir assassinatos na última década,
enquanto a região mantinha tendência de alta. A onda de violência tomou as
cidades pernambucanas, assim como foi intensificada no Ceará e no Rio Grande do
Norte. Quatro dos 11 Estados que tiveram aumento estão no Nordeste.
Se as disputas relacionadas ao tráfico de drogas explicam parte da
alta, é necessário, em outra medida, alertam especialistas, entender como essa
dinâmica funciona. Professor da PUC-Minas e ex-secretário adjunto de Defesa
Social do Estado, Luis Flávio Sapori se debruçou sobre inquéritos de homicídios
de Belo Horizonte e Maceió. Em estudo divulgado neste mês, chegou a conclusões
importantes. “Os dados empíricos apresentados até o momento confirmam que a
principal motivação dos homicídios nas capitais estudadas deriva de conflitos
no mercado das drogas ilícitas. Entretanto, os patamares do fenômeno são
bastante inferiores ao que é geralmente propagado por autoridades políticas e
de segurança pública.”
Ele explica que o tráfico e os traficantes acabam por gerar
“difusão da violência”. “Nas relações afetivas, familiares, nas relações de
vizinhança e na sociabilidade cotidiana, comerciantes das drogas ilícitas
tendem a usar o mesmo padrão violento de resolução de conflitos vivenciado nas
relações estritamente econômicas com parceiros, concorrentes, fornecedores e
clientes”, diz. “E a posse da arma de fogo é elemento decisivo nesse fenômeno.”
Ele destaca que as conclusões podem ser usadas na análise do País.
“Isso explica boa parte do que acontece nas cidades brasileiras, onde o tráfico
se consolidou como matriz dos homicídios. Mas é necessário fomentar estudos
locais para entender singularidades e levá-las em consideração ao elaborar
políticas públicas.”
A antropóloga da Universidade do Estado do Rio (UERJ) Alba Zaluar
atribui o aumento da violência ao “fim do investimento nos projetos e nas
polícias estaduais comprometidas” com a prevenção. Ela lembra os exemplos do
Pacto pela Vida, em Pernambuco e o das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP)
no Rio. “Os efeitos benéficos começaram a ser revertidos, agora ainda mais
evidentes pela ausência de investimento público neles. Em diferentes
porcentuais, as taxas de homicídio voltaram ao padrão de 2009, antes da implementação
desses projetos”, disse ao Estado.
“Se os projetos queriam ganhar os jovens atraídos pelos comandos
de crime organizado que atuam hoje em todo o território nacional, seria também
crucial fazer com que a atração exercida por este importante ator nas trevas
das atividades empresariais diminuísse. Infelizmente não diminuiu”, diz. “Nada
foi feito para mudar essa atração pelo negócio ilegal altamente lucrativo”
União. Questionado sobre a alta de assassinatos, o Ministério da
Justiça não comentou. Sobre o Plano Nacional de Segurança, destacou que “os
investimentos inicialmente previstos foram revisados e adequados com a
realidade financeira da União e perfeitamente absorvidos pelos Estados, que
adaptaram as ações propostas de modo a atingir os resultados. Paralelo a isso,
ações de capacitação e doação de equipamentos estão sendo realizadas.”
Pelo Plano, inicialmente foram enviados agentes da Força Nacional,
equipamentos e R$ 31,94 milhões para as capitais de Rio Grande do Norte,
Sergipe e Rio Grande do Sul. No caso do Rio de Janeiro, foram enviados agentes
da Força Nacional e das Forças Armadas. A pasta não informou se e quando
agentes federais serão enviados aos outros Estados. A previsão é de que todas
as capitais tivessem agentes da Força Nacional ainda neste ano.
Paraíba.com