Quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018
Com críticas ao
"Brasil monstruoso", escola falou de corrupção e intolerância e levou
seu 14º título.
Este é o 14º título da Beija-Flor de Nilópolis (Foto:
Alexandre Durão/G1)
A Beija-Flor de Nilópolis é a grande
campeã do carnaval 2018 do Rio de Janeiro.
O G1 acompanhou ao vivo a apuração das notas,
que aconteceu na tarde desta quarta-feira (14), diretamente da Marquês de
Sapucaí. Veja
aqui.
A escola fez um paralelo entre o
romance "Frankenstein” e as mazelas
sociais brasileiras. Corrupção, desigualdade, violência e
intolerâncias de gênero, racial, religiosa e até esportiva formaram o cenário
de "Brasil monstruoso".
A
Beija-Flor tem agora 14 títulos no Grupo Especial do Rio, atrás apenas de
Portela e Mangueira no total de vitórias.
Comandado por Neguinho da Beija-Flor, o samba-enredo
“Monstro é aquele que não sabe amar (Os filhos abandonados da pátria que os
pariu)” foi cantado em coro pelo público da Sapucaí, que ao final do desfile
ocupou a avenida, seguindo a escola.
“A Sapucaí foi ovacionada pela
alegria e emoção. A Beija-Flor fez as pessoas cantarem o samba pelo pedido de
socorro. As imagens foram muito fortes, aquele teatro todo retratando o que o
nosso país está passando. Foi um grito de socorro dentro de um samba-enredo“,
disse Raíssa, madrinha de bateria da escola, ao G1.
Trajetória da Beija-Flor desde 2010 (Foto: Infografia: Betta
Jaworski/G1)
O desfile foi todo de metáforas de terror sobre o
Brasil. A escola levou para a avenida a "ala dos roedores dos cofres
públicos" e a dos "lobos em pele de cordeiro", em referência aos
políticos. A corrupção na Petrobras foi lembrada em fantasias com barris de
petróleo na cabeça e em um carro que retratava o edifício sede da empresa,
atrás de um grande rato.
Violência, poluição, impostos
excessivos, sistema de saúde ruim e crianças carentes também lembraram o
"terror brasileiro".
As cantoras Pabllo Vittar e Jojo
Todynho foram destaques do carro "O abandono", representando a luta
contra a intolerância de gênero e a intolerância racial, respectivamente.
Pabllo Vittar foi destaque de carro da Beija-Flor que tratava
de intolerância (Foto: Alexandre Durão/G1)
Esta não foi a primeira vez que a Beija-Flor apostou em
um samba crítico. Em 1989, a escola levou para a Sapucaí um enredo sobre o
lixo, com um "Cristo Mendigo" que saía de dentro de uma favela.
Após uma decisão judicial que
proibiu sua exibição, o Cristo foi coberto por um saco preto e levou uma faixa
com a frase “Mesmo proibido, olhai por nós”. O desfile, histórico, rendeu à
escola de Nilópolis o vice-campeonato daquele ano.
Desfile das campeãs
Voltarão com a
Beija-Flor ao sambódromo para o desfile das campeãs, no próximo sábado (17), as
escolas Paraíso de Tuiuti, Salgueiro, Portela, Mangueira e Mocidade
Independente de Padre Miguel.
Assim como a escola de Nilópolis,
que levou sua crítica social para a avenida, a Paraíso
de Tuiuti, que ficou com o segundo lugar, contou a história da
escravidão no Brasil e condenou a reforma trabalhista aprovada recentemente. O
destaque da Tuiuti ficou no último carro da escola, que levou um vampiro
com uma faixa presidencial para a Marquês de Sapucaí.
A Mangueira não
ficou atrás no quesito protesto, com um samba-enredo que ironizou a decisão da
Prefeitura do Rio de cortar os recursos destinados às escolas de samba. Um dos
carros representou o prefeito Marcelo Crivella como um boneco de Judas.
Resultado final do carnaval 2018 do Rio de Janeiro (Foto:
Arte/G1)
Apuração do Grupo Especial do Rio, quesito a quesito (Foto:
Infografia: Igor Estrella/G1)
Por G1