Quarta-feira, 21 de março de 2018
E se você pudesse ter o controle
da sua conta de luz em um aplicativo no seu celular e
receber dicas de como economizar? Essa é a proposta de um projeto financiado
pela CPFL (Companhia
Paulista de Força e Luz), com verba da Aneel, a partir do desenvolvimento de um
algoritmo de separação do consumo energético criado na Unicamp,
com execução da startup Time Energy, baseada em Campinas, interior de São
Paulo.
A desagregação do consumo de
energia usada em casas e em empresas já é alvo de pesquisas há anos. “A
tecnologia começou a surgir nos anos 1970, mas agora ganha corpo e interesse
comercial”, disse ao Site EXAME Luiz
Carlos Pereira da Silva, coordenador do projeto de desagregação de consumo de
energia na Unicamp.
Ainda em fase de testes, a
iniciativa deve culminar no lançamento de um acessório eletrônico de usabilidade
simples que é conectado ao quadro de energia de uma residência ou
estabelecimento comercial, que ficará por conta da Time Energy. A startup
também projeta, junto com a Unicamp, o aplicativo para smartphones que poderá
interpretar as informações coletadas da rede elétrica. O app mostrará não só o
consumo de energia em tempo real, como também enviará dicas para economizar,
como deixar para lavar roupa ou tomar um banho quente fora dos horários de
pico.
No entanto, o desenvolvimento do
projeto ainda enfrenta entraves de desenvolvimento que os pesquisadores irão
trabalhar para resolver neste ano. “A taxa de inteligência de software que vai
identificar o que está ligado e por quanto tempo é o principal desafio”, disse
Silva. Ele explica que, enquanto é simples detectar a “assinatura elétrica” de
um chuveiro, é complicado identificar o comportamento de cargas elétricas
usadas por aparelhos, como uma lavadora, que tem vários ciclos. “A assinatura
dela é bem ruidosa, mal comportada, difícil de identificar.”
Renato Povia, gerente de
inovação da CPFL Energia, conta que o algoritmo já está em testes nas casas de
alguns pesquisadores e que ele funciona bem, apesar da dificuldade de detectar
os eletrônicos diferentes de cada casa. A empresa escolheu desenvolver o
projeto junto à Time Energy devido à eficiência de desenvolvimento. “As
startups são hoje um grande veículo para criar projetos com agilidade”,
declarou Povia, em entrevista ao Site EXAME.
Quando ficar pronto, o hardware
simples, que pode ser usado em casas, pode custar por volta de 400 reais para
consumidores finais, de acordo com Leandro Pereira, gerente de pesquisa e
desenvolvimento da Time Energy. Para empresas, o valor varia por conta da maior
complexidade da rede elétrica.
Até 2019, o projeto de desagregação
do consumo terá investimento de 3,6 milhões de reais da CPFL por meio do
programa de pesquisa e desenvolvimento da Aneel.
Exame.