Quinta-feira, 19 de abril de 2018
Ele argumenta
que o presidente 'faltou com a verdade' em depoimento à Polícia Federal. Para
pedido de impeachment seguir adiante, depende de ser aceito pelo presidente da
Câmara.
Em discurso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) (Foto: Jonas Pereira/
Agência Senado)
O líder da Rede no Senado, Randolfe Rodrigues (AP), apresentou
nesta quarta-feira (18) um pedido de impeachment contra o presidente Michel
Temer. O documento foi protocolado na Câmara dos Deputados, responsável por dar
início a processos de impedimento de presidente da República.
De acordo com Randolfe, Temer
cometeu crime de responsabilidade, uma das causas previstas na Constituição
para abertura do processo de impeachment.
O senador argumenta que em
depoimento à Polícia Federal o presidente negou ter recebido propina ou
qualquer vantagem ilícita em 2014. Segundo Randolfe, a declaração de Temer não
é verdadeira. O senador citou reportagens que apontam uso
de recursos vindos de propina da empresa JBS na reforma da casa de uma filha de
Temer.
Ele citou também depoimentos de
delatores da JBS e as
prisões recentes de amigos do presidente em uma operação
que investiga se Temer recebeu propina para editar um decreto e favorecer
empresas do setor portuário.
Imagem Extraída da internet
Reportagem
do Jornal Nacional informou que a mulher do coronel João
Baptista Lima Filho, um dos amigos de Temer preso recentemente, teria pago em
dinheiro vivo material usado na reforma dessa casa.
A reforma feita em 2014, na casa de
350 metros quadrados, é alvo da Polícia Federal desde 2017. É onde mora
Maristela Temer. No pedido apresentado, Randolfe solicita que, se o processo
for aberto, a filha de Temer deve ser ouvida.
O jornal “Folha de S. Paulo”
publicou que o fornecedor do piso para a reforma foi pago em dinheiro vivo pela
arquiteta da obra, Maria Rita Fratezi. Ela é mulher e sócia do coronel Lima. A
defesa de Maria Rita e do coronel Lima, o advogado de Maristela Temer e o
Palácio do Planalto negaram
as denúncias.
O coronel Lima ainda foi
citado na delação da JBS como intermediário de uma propina
de R$ 1 milhão para Temer.
“O senhor presidente, em depoimento à PF, negou ter
recebido propina ou qualquer vantagem em 2014. Esse depoimento ofende os fatos,
por conta da delação da JBS e, mais do que isso, ofende os fatos das operações
recentes que resultaram na prisão de amigos do presidente”, argumentou
Randolfe.
Para o senador, “o presidente faltou
com a verdade em um depoimento judicial”.
“[O depoimento de Temer] ofende os
fatos de coincidência de parte da propina que foi recebida ser exatamente o
mesmo valor que foi destinado à reforma da casa da filha do senhor presidente.
Diante desses fatos, o crime de responsabilidade está explícito, porque foi
ofendida a Constituição Federal na regra que tange à probidade administrativa”,
acrescentou Randolfe.
Cabe ao presidente da Câmara dos
Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), decidir se recebe ou não o pedido de
impedimento. Se o impeachment for aceito, tem início o andamento da denúncia,
que é primeira analisada em uma comissão especial na Câmara. Depois ainda tem
que passar pelos plenários da Câmara e do Senado.
O G1 procurou o Palácio do Planalto para
comentar o pedido de impeachment às 16h50. O Palácio ficou de passar um
posicionamento oficial.
Por Gustavo Garcia e Sara Resende, G1 e TV Globo, Brasília
Por Gustavo Garcia e Sara Resende, G1 e TV Globo, Brasília