Terça-feira, 10 de julho de 2018
Uma espera intermitente. O olhar de quem ‘não tem nome’ imprime
e expressa o amor incondicional, até mesmo depois da morte. Desde o dia 2 de julho
uma cadelinha aguarda ansiosamente por um retorno que não acontecerá. Seu dono
e maior companheiro deu entrada no hospital Napoleão Laureano, em João Pessoa,
para uma viagem sem volta. A unidade é referência no tratamento do câncer
e doenças do sangue.
Ela,
fiel, seguiu o caminho percorrido pela ambulância que o levou à unidade de
saúde onde permanece até então.
Com nome
não identificado pela instituição, sabe-se que o paciente morreu em decorrência
de complicações provocadas por um câncer. Desde esse momento, a cadelinha
espera a hora em que verá o amigo outra vez. A história é bem próxima a do
filme Sempre Ao Seu Lado, lançado em 2009. Entretanto, trata-se de
uma trama da vida real, com personagens reais, pessoais reais.
O olhar
direcionado à porta demonstra o desejo: vê-lo saindo do lugar onde entrou
em um dia de segunda-feira.
A visita
do Portal T5 despertou olhares. Um deles foi o do agente de portaria
Jeandro Silva. Há 6 anos em atividade no hospital, o profissional disse que é a
primeira vez que acompanha algo do tipo. Se de um lado a cadelinha olha para a
porta da unidade, do outro Jeandro acompanha a espera incessante.
“Vi
quando o paciente chegou, ele estava debilitado. Em determinado momento quando
direcionado ao ambulatório, ela o viu, tentou ir atrás, tivemos que afastá-la.
O ambiente não permite. A gente fica acompanhando a situação. Não temos o que
fazer, isso é coisa de amor”, explicou.
Alguns
funcionários do hospital adotaram simbolicamente o animal. Um deles é o
segurança Edmildo Ferreira. Com 10 anos de serviços prestados ao hospital, o
agente agora conta com uma companhia pra lá de inusitada.
“Quando ela está aqui, faço o possível para que, entre uma ação
e outra, alimentá-la, dar água… Mas, é pouco. Queria poder levá-la pra casa,
entretanto, não tenho condições. Tenho outros animais. Essa é uma situação que
me deixa aflito”, comentou.
A
curiosidade de quem olha pra câmera é também causadora de euforia. A cadelinha
sem nome, aos poucos, começa a conquistar amantes, amigos e companheiros.
Pacientes da unidade começaram a se acostumar com a presença. Esse é o caso de
dona Maria de Fátima, de 56 anos. Há um ano ela faz tratamento após um
procedimento cirúrgico realizado no Laureano. Natural de Santa Rita, Maria
descreve que esse é um exemplo de amor.
“Esse é
um sentimento que, muitas vezes, nem o ser humano é capaz de ter”, dona Maria
de Fátima, sobre a espera da cadelinha.
O Portal
T5 tentou contactar a administração da unidade para que a instituição
emitisse algum posicionamento sobre o caso, entretanto, não havia ninguém no
local durante nossa visita e em contato por telefone, a central de atendimento
informou que não haviam pessoas disponíveis para falar sobre.
O espaço
está aberto.
Fonte: Portal T5
Créditos:
Portal T5