Segunda-feira, 01 de outubro de 2018
A
cantora Angela Maria, uma das rainhas do rádio, morreu aos 89 anos no fim da
noite deste sábado (29), no Hospital Sancta Maggiore, em São Paulo. Após 34
dias de internação, ela não resistiu a uma infecção generalizada.
A cantora será velada e sepultada neste domingo (30) no
Cemitério Congonhas, na zona sul da capital paulista.
O marido
dela, o empresário Daniel D’Angelo, divulgou um vídeo emocionado no Facebook
falando sobre a morte da cantora, que fez um estrondoso sucesso entre as
décadas de 1950 e 1960.
"É com
meu coração partido que eu comunico a vocês que a minha Abelim Maria da Cunha,
e a nossa Angela Maria, partiu, foi morar com Jesus", disse emocionado, ao
lado de Alexandre, um dos filhos adotivos do casal e de um outro rapaz.
Nome artístico
Abelim Maria
da Cunha, verdadeiro nome de Angela Maria, nasceu em Macaé, Rio de Janeiro.
Filha de pastor protestante, passou a infância nas cidades fluminenses de
Niterói, São Gonçalo e São João de Meriti. Desde menina cantava em coro de
igrejas.
Foi operária
tecelã, mas sonhava com o rádio, embora a família fosse contra a carreira
artística.
Por volta de
1947, começou a frequentar programas de calouros. Apresentou-se no “Pescando
Estrelas”, de Arnaldo Amaral, na Rádio Clube do Brasil (hoje Mundial); na “Hora
do Pato”, de Jorge Curi, na Rádio Nacional; no programa de calouros de Ari
Barroso, na Rádio Tupi; e do “Trem da Alegria”, dirigido pelo "Trio de
Osso" - os magérrimos Lamartine Babo, Iara Sales e Heber de Bôscoli -, na
Rádio Nacional.
Naquela época,
usava o nome de Angela Maria, para não ser descoberta pela família. Ainda era
inspetora de lâmpadas numa fábrica da General Eletric e, decidindo tentar a
carreira de cantora, abandonou a família e foi morar com uma irmã no subúrbio
de Bonsucesso.
Era do rádio
Em 1948
conseguiu lançar-se como crooner no Dancing Avenida, onde impressionou os
compositores Erasmo Silva e Jaime Moreira Filho, que a apresentaram a Gilberto
Martins, diretor da Rádio Mayrink Veiga. Feito o teste, começou carreira na
emissora.
Firmando-se a
partir de 1950 como intérprete, em 1951 estreou na RCA Victor em disco com “Sou
feliz” e “Quando alguém vai embora”. No ano seguinte, sua gravação do samba
“Não tenho você” bateu recordes de venda, marcando o primeiro grande sucesso de
sua carreira.
Princesa e Rainha do Rádio
Durante a
década de 1950, atuou intensamente nas rádios Nacional e Mayrink Veiga, como a
estrela de “A Princesa Canta”, nome derivado de seu título de “Princesa do
Rádio”, um dos muitos que recebeu em sua carreira.
Em 1954, em
concurso popular, tornou-se a “Rainha do Rádio”, e no mesmo ano estreou no
cinema, participando do filme “Rua sem sol”.
'Sapoti'
Apelidada
“Sapoti” pelo presidente Getúlio Vargas, tornou-se a cantora mais popular do
Brasil durante a década de 1950, alcançando os maiores êxitos com os
sambas-canções “Fósforo queimado”, “Vida de bailarina”, “Orgulho”, “Ave Maria
no morro” e “Lábios de mel”. Um de seus grandes sucessos na segunda metade da
década de 1960 foi a canção “Gente humilde”.
Em 1982 foi
lançado o LP Odeon com Angela Maria e Cauby Peixoto, primeiro encontro em disco
dos dois intérpretes. Em 1992 apresentou-se com Cauby no show Canta Brasil, e
lançou o disco "Angela e Cauby ao vivo".
Em 1996, foi
contratada pela gravadora Sony Music e lançou o CD “Amigos”, com a participação
de vários artistas como Roberto Carlos, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Chico
Buarque, entre outros. O trabalho foi um sucesso, celebrado num espetáculo no
Metropolitan (Claro Hall), no Rio de Janeiro, e um especial na Rede Globo. O
disco vendeu mais de 500 mil cópias.
Fonte: G1