Sábado, 06 de abril de 2019
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT), que está preso pela Operação Lava Jato
desde abril do ano passado em Curitiba, prestou depoimento na
Polícia Federal (PF) na manhã desta sexta-feira (5).
Como Lula está detido em uma sala
especial na PF, não precisou de deslocamento para a oitiva, que começou por
volta das 9h e terminou pouco antes das 11h. O petista ficou em silêncio,
conforme informou a PF.
"Ninguém é obrigado a depor sobre
um processo sigiloso, sobre documentos ocultos. E é isso que a defesa está
buscando, a defesa está buscando exercer um direito, o direito de ter acesso a
uma investigação antes que o ex-presidente venha prestar depoimentos",
afirmou o Cristiano Zanin Martins, advogado de Lula, ao sair da PF.
O advogado deixou claro que a defesa
não teve acesso aos autos do inquérito e, por isso, o ex-presidente ficou em
silêncio.
O fato de a defesa não ter tido acesso
aos documentos já foi motivo para que a oitiva fosse adiada. Contudo, de acordo
com Zanin, a defesa ainda não teve esse acesso à íntegra das investigações.
"O ex-presidente é o maior
interessado em esclarecer a verdade dos fatos, mas a defesa não pode abrir mão
de uma garantia constitucional que é a de conhecer a íntegra do processo antes
que ele vá prestar um depoimento", disse Zanin.
Depoimento suspenso
Esse depoimento estava marcado
para 22 de março, mas foi suspendido pelo ministro Luiz Edson
Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que atendeu a um pedido da defesa do
petista. Lula foi condenado em dois
processos da Lava Jato.
O depoimento é referente a inquéritos
que tramitam na Justiça Federal do Paraná. Em março, a defesa do ex-presidente
argumentou que ele não havia tido acesso a uma série de relatórios e laudos, o
que representava cerceamento de defesa.
Ao
analisar o pedido, Fachin deu razão à defesa e determinou que os advogados
tenham no mínimo cinco dias para analisar o material.
Inquéritos
Os inquéritos sobre os quais ele deve
prestar depoimento envolvem os seguintes fatos:
Se
houve lavagem e corrupção em razão do suposto pagamento de propina pela
Odebrecht no caso de navios-sonda construídos pela Sete Brasil;
Se
houve lavagem, corrupção e cartel em relação a atos de Lula na construção
da Usina de Belo Monte.
Versão de Lula
Desde o início das investigações, a
defesa de Lula afirma que o ex-presidente não cometeu crimes antes, durante ou
depois do mandato, acrescentando que não há provas contra Lula.
Fonte: G1