Terça-feira, 28 de maio de 2019
No domingo, outros 15 detentos haviam
perdido a vida.
Em 2017, no mesmo complexo, uma revolta
causou 56 mortes
Parentes dos detentos nas imediações do complexo prisional em Manaus neste domingo. STRINGER (REUTERS)
Perfurações com escovas
de dentes raspadas, até ficarem afiadas, e asfixia a golpes de mata-leão. Foi
por alguma dessas agressões que 55 presos detidos no Complexo Anísio Jobim (Compaj), em Manaus,
morreram nas últimas 48 horas. Quinze deles tiveram as mortes confirmadas no
domingo, e outros 40 foram dados como mortos pelo Governo do Amazonas nesta
segunda-feira (inicialmente foi divulgado o número de 42), após a autoridades
locais terem garantido que os transtornos que levaram a óbitos no dia anterior
já estavam sob controle.
Segundo a secretaria estadual de Administração Penitenciária (Seap), as mortes
desta segunda-feira ocorreram por enforcamento em três unidades distintas: o Instituto
Penal Antônio Trindade (Ipat), na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP) e no
Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM I), todos localizados na capital
amazônica. Os assassinatos por conflitos internos vêm ocorrendo no complexo
prisional manauara pelo menos desde 2017, quando uma revolta que durou 17 horas causou 56 mortes. Além disso, em dezembro passado, um
agente penitenciários morreu dentro da prisão.
O Departamento de
Correções da Amazônia havia dito à agência de notícias EFE que a
situação estava controlada no final da tarde de domingo, quando um batalhão da
Polícia Militar foi acionado para entrar no Compaj. O Governo federal informou
que, por solicitação do Governo do Amazonas, vai enviar uma Força-tarefa de
Intervenção Penitenciária (FTIP) para atuar no complexo penitenciário de Manaus. "Formada por agentes federais de execução penal dos 26
estados da federação e do Distrito Federal, a FTIP obedece o planejamento
definido pelos entes envolvidos na operação, sempre que houver necessidade de
sua atuação", explica o Ministério da Justiça e Segurança Pública em nota.
O ministério, comandado
pelo ex-juiz Sergio Moro, lembra ainda na nota que "a Força
Nacional de Segurança Pública (FNSP) é responsável pela segurança da área
externa do Complexo Penitenciário Anísio Jobim desde 09 de janeiro de 2017. A
FNSP continuará atuando no local". Nesta segunda-feira, por conta das 15
mortes de domingo, o Ministério já havia determinado o reforço da presença
policial em outras unidades penitenciárias do estado como "medida de
precaução". Mais cedo, o secretário da Administração Penitenciária do
Amazonas, Coronel Marcos Vinicius Almeida, descartou se tratar de uma
"rebelião" e disse que as mortes ocorreram durante a visita dominical
por uma "disputa entre os internos".
As vítimas do domingo, segundo
Almeida, morreram asfixiadas ou perfuradas com escovas de dente. "Isso
nunca aconteceu durante as visitas, alguns morreram dentro da cela com
as grades fechadas. Muitos cometeram os crimes em frente aos parentes",
afirmou o secretário. Segundo a Secretaria, não houve fugas, nem houve ataques
aos guardas da prisão. E nenhum parente foi feito refém. A motivação da luta
que causou as mortes será objeto de investigação pelas autoridades, que
suspenderam temporariamente as visitas ao centro de internação e analisarão as
imagens das câmeras de segurança.
Fonte: Rodolfo Borges - BRT