Sábado, 01 de junho de 2019
Matéria publicada em 23 de maio de 2019
A Paraíba já notificou 404
pacientes com sintomas de esporotricose, desde o ano passado. A
doença é contagiosa e acredita-se que ainda haja subnotificação. Um grupo
de trabalho foi criado no âmbito do Ministério Público da Paraíba para
acompanhar as ações de enfrentamento ao surto epidêmico de esporotricose no
Estado.
Ontem, uma reunião
coordenada pela 49ª promotora de Justiça de João Pessoa, Jovana Maria Silva
Tabosa, e representantes das secretarias de Saúde do Município e do Estado, do
Hospital Universitário Lauro Wanderley, do Conselho Regional de Medicina
Veterinária, além de pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba, da
Fiocruz e do Ministério Público Federal, definiu que
serão reforçadas as ações de divulgação de informações, o
trabalho de prevenção e combate à esporotricose.
Cada órgão, como secretarias
de saúde e Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), que atende casos de
esporotricose humana no Estado, deve cumprir as ações sob sua responsabilidade
no enfrentamento à doença. Também é importante a interlocução dos órgãos com os
profissionais de saúde e com a sociedade para esclarecer sobre a doença, que,
mesmo sendo nova, já é tratada como epidemia, sendo sua notificação
compulsória, no Estado.
Representantes do hospital e
da Secretaria de Saúde de João Pessoa informaram que tem havido entraves no
Ministério da Saúde para dispensação do Itraconazol (medicamento usado para
tratar humanos) e apresentaram um fluxo de atendimento e tratamento de
pacientes, como também para obter a medicação junto ao MS e proceder a
formalização da notificação dos casos. Foi criada uma ficha específica para
notificação e o serviço de saúde se comprometeu em informar os dados pelo
sistema FormSUS, nos próximos dias.
Subnotificação
A gerente executiva de Vigilância e Saúde, Talita Tavares,
explicou que o agravo passou a ser de notificação compulsória em 2018 e que,
desde agosto do mesmo ano, os profissionais de saúde devem notificar o caso
preenchendo a Ficha de Notificação / Investigação disponível online pelo
FormSus. “Temos um agravo novo, que precisa ser melhor trabalhado. Não temos os
dados de 2018 e nem as análises em sistema, pois os formulários não foram
preenchidos. É oficial que temos um FormSus vigente, com solicitação de dados
necessários para que o Estado possa ter a magnitude do agravo e assim um fluxo
de informações. Se a notificação não chega, não temos como dar suporte aos
municípios”, pontuou.
O coordenador do Núcleo de
Vigilância Epidemiológica do Hospital Universitário Lauro Wnaderley, Clodoaldo
Silveira Costa, contou que a recuperação das informações referentes a 2018
já foi feita e que agora o núcleo está trabalhando na alimentação do sistema.
“Precisávamos de um tempo para fazer isso. Agora podemos passar para o passo
seguinte e cumprir essa recomendação do Ministério Público”.
Cuidados
com os animais
O grupo de trabalho e
acompanhamento da esporotricose destacou, ainda, a importância do envolvimento
da sociedade no enfrentamento da doença em animais e no meio ambiente.
A transmissão da doença
ocorre de animais para o homem ou do meio ambiente para o homem. Mas o animal,
principalmente o gato, é tão vítima quanto o humano, porque o fungo está no
meio ambiente.
A médica veterinária, Suely
Ruth Silva, informou que nem todo animal doente que arranha ou morde uma
pessoa, necessariamente, passa a doença para ela. Ela lembrou que os felinos
têm uma deficiência imunologia e hábitos que fazem com que estejam mais
vulneráveis ao fungo (esporos). Ela também explicou que não há transmissão
entre humanos, que pegam a doença por meio de uma porta de entrada às vezes
microscópica (furada, arranhão) em contato com o fungo presente em lesões de
animais ou no meio ambiente.
Eutanásia,
esterilização e incineração
De acordo com o Conselho
Regional de Medicina Veterinária, todos os profissionais inscritos no CRMV
foram informados sobre a necessidade de que seja feita a esterilização de todos
os animais doentes, bem como a incineração dos bichos mortos com suspeita da
doença. As carcaças, de maneira alguma, podem ser enterradas (como alguns donos
de animais estão fazendo), para que não haja a proliferação dos fungos.
O Centro de Zoonoses de João
Pessoa está realizando a esterilização de animais, como uma medida para evitar
o aumento da população e o abandono. Nos casos de animais doentes sem condição
de tratamento, é feita a eutanásia e a incineração das carcaças.
Fonte: ClickPB