Terça-feira, 16 de julho de 2019
O
paratleta paraibano Rômulo Martins ganhou mais um título em sua carreira neste
fim de semana. Ao disputar o Campeonato Brasileiro de Jiu-Jitsu Paradesportivo
em Florianópolis (SC), Rômulo se tornou bicampeão nacional de sua categoria de
paralisia cerebral, erguendo mais uma vez a bandeira da Paraíba no pódio mais
alto.
Em abril deste ano, Rômulo Martins, aos 41 anos, havia se
tornado também o primeiro paratleta paraibano bicampeão mundial de
parajiu-jitsu em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. Atualmente, o paraibano
acumula os principais títulos da categoria: além de bicampeão brasileiro, é
ainda o atual campeão sulamericano e também do Grand Slam.
Na defesa do título nacional em Florianópolis deste final de
semana, Rômulo, que é faixa marrom de jiu-jitsu, venceu o faixa preta do
Espírito Santo, Wesley, e, na grande final, enfrentou o paratleta Fernando
Fernandes, da Federação Paulista de Jiu-jitsu, vencendo por pontos.
Força sobrenatural
“Considero a luta da grande final, contra o
paulista, a mais difícil da minha vida como paradesportivo. O meu adversário,
além de muito forte, tinha uma técnica refinada. A luta de cinco minutos
parecia uma eternidade, pois precisei buscar força, resistência e fôlego que
pareciam esgotados. Não tenho como explicar, foi algo sobrenatural, pois,
humanamente, não tinha como derrotá-lo. Foi mais difícil que até mesmo a luta
da final do Mundial deste ano, quando me tornei bicampeão. Sentir que quem me
deu forças foi o próprio Senhor, por isso glorifiquei tanto a Jesus ao ganhar a
luta”, detalha a conquista Rômulo, que começou a competir há pouco mais de
três anos na modalidade.
O Campeonato Brasileiro de Jiu-Jitsu Paradesportivo em Florianópolis
(SC), que reuniu 117 atletas com deficiências física, intelectual e visual de
todos os estados brasileiros, teve cerca de 250 lutas nas diversas deficiências
e portes.
Para disputar o campeonato brasileiro deste final de
semana, Rômulo contou com apoio da Cidade Viva e ajuda financeira das
empresas SL Alimentos, Softcom Tecnologia e Mega Control. “Agradeço a Deus, o
apoio da minha querida igreja Cidade Viva e a cada uma dessas empresas que
foram sensíveis e generosas em me dar apoio financeiro para disputar o
campeonato brasileiro”, declarou Rômulo, que é membro da Cidade Viva Zona
Sul, no bairro Valentina Figueiredo, em João Pessoa, onde desenvolve projeto
social de jiu-jitsu.
Atleta nasceu com paralisia cerebral – Rômulo nasceu com
paralisia cerebral e teve movimentos dos membros superiores, inferiores e de
fala comprometidos. Devido à paralisia, ele só conseguiu falar aos sete anos de
idade e andar aos oito. Em sua infância e adolescência, superou inúmeros
preconceitos e bullying na escola. Mesmo com a deficiência, terminou o ensino
médio e aos 21 anos prestou concurso público nos municípios de João Pessoa,
Bayeux, Santa Rita e Conde, sendo aprovado em todos. Escolheu para servir na
Prefeitura da Capital, concurso que passou em 1º lugar nas vagas destinadas aos
não deficientes. “Quis provar para mim mesmo que era capaz de superar meus
próprios limites e desafios”, justificou Rômulo, quando optou fazer
concurso para não deficientes.
Ministério de Jiu-Jitsu da Cidade Viva – Como exemplo de
superação, Rômulo Martins resolveu usar também as suas conquistas no
jiu-jitsu para incentivar outras crianças e adolescentes portadores ou não de
necessidades especiais dos bairros da Zona Sul de João Pessoa para praticar a
arte marcial. A unidade da Cidade Viva Zona Sul, no bairro de Valentina
Figueiredo, montou uma estrutura desde o final do ano passado para desenvolver
o Ministério de Jiu-Jitsu. Rômuloé o instrutor de dezenas de alunos da
comunidade. Durante as aulas, o bicampeão mundial e, agora também, bicampeão
brasileiro, tem transmitido não apenas a experiência vitoriosa de sua carreira
e a técnica da arte marcial às crianças e adolescentes, mas o caminho para
superar os inúmeros obstáculos da vida de um portador de deficiência.
“As aulas vão para além da luta corpo a corpo, pois tenho trabalhado
disciplina e os valores cristãos para resgatar a estima de muitos adolescentes
portadores ou não de deficiência da comunidade da Zona Sul”, destacou.
MaisPB