Quinta-feira, 11 de julho de 2019
Substância
desenvolvida a partir do extrato do sisal mata larva do mosquito em até 24
horas, aponta pesquisadora. Estudo financiado pelo CNPQ está a dois anos de
conclusão.
Substância extraída do líquido do sisal se mostrou eficaz no combate ao mosquito da dengue, aponta pesquisa da UFPB — Foto: Raíssa Oliveira/UFPB
Uma pesquisa desenvolvida no Departamento de Biologia Celular e
Molecular da UFPB desenvolveu uma substância mais eficiente para matar o
mosquito Aedes aegypti, conhecido como mosquito da dengue, a partir do líquido
extraído do sisal. A pesquisadora que coordenada a pesquisa, Fabíola Cruz,
explicou que os resultados foram patenteados e a expectativa é de que dentro de
dois anos.
Conforme o trabalho
iniciado em 2012 por Fabíola Cruz, quando a pesquisa ainda era sua tese de
doutorado, o líquido extraído a planta cultivada na região do semiárido
paraibano mata a larva do mosquito da dengue em até 24 horas.
A pesquisadora, que
também coordenadora do Laboratório de Biotecnologia Aplicada a Parasitas e
Vetores (Lapavet) da UFPB, explicou que a substância foi testada em todas as
fases da vida do inseto.
“O suco mata as
larvas em menos de 24 h e quanto maior a concentração do suco misturado em
água, mais rápido é o efeito. Então nós depositamos a primeira patente em 2013
e expandimos o estudo para as outras fases de vida do mosquito (ovo, larva,
pupa e adulto). O extrato do sisal tem efeito em todas as fases, mas a de pupa
é a que tem menos efeito”, explicou.
Ainda
de acordo com Fabíola Cruz, a eficácia da substância foi comprovada por meio de
testes feitos tanto como inseticida, com aplicação direta sobre o inseto,
quanto como iscas, usado armadilhas para atrair o vetor das doenças da dengue,
chikungunya e vírus da zika.
“Fizemos estudo a nível celular também e vimos que o sisal
causa a morte das células do mosquito”, explicou a pesquisadora.
Após o primeiros testes, o Lapavet conseguiu junto ao Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) em 2016, o
financiamento de R$ 30 mil para dar sequência aos testes feitos pelo projeto.
“Em 2018 depositamos a segunda patente, agora com o sisal melhorado
geneticamente. Atualmente trabalhamos com o extrato em pó (liofilizado) porque
isso facilita o armazenamento e o manuseio”, comentou Fabíola.
Os testes atuais do projeto estão
voltados para toxicidade do extrato de sisal, para confirmar que ele vai poder
ser utilizado de maneira segura pela população. Foram comprovados o efeito da
extrato de sisal em sua fase líquida, em spray sobre as superfícies onde o
mosquito pousa e na forma de isca de alimentação para o mosquito.
“O nome do projeto é ‘Desenvolvimento
de bioinseticida feito com o suco do sisal, para o combate ao mosquito Aedes
aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya’. A pesquisa está em fase
final, ainda restam uns dois anos”, avaliou Fabíola Cruz.
Descoberta por acaso
A pesquisa começou a
partir de um contato feito pela Embrapa Algodão de Campina Grande com Fabíola
Cruz em 2012. A Embrapa Algodão mantém parcerias com várias associações de
agricultores e recebiam informações a partir da Associação de Produtores de
Sisal de Pocinhos.
De acordo com a pesquisadora, na
produção da fibra do sisal, o “suco” que sobra da extração não tinha nenhuma
utilidade comercial e era descartado. Foi quando a Embrapa Algodão entrou em
contato com o Lapavet e encaminhou a substância para que fosse investigada o
potencial biotecnológico.
“Eu comecei a testar
em larvas de mosquito da dengue (Aedes aegypti) e o efeito foi surpreendente. O
suco mata as larvas em menos de 24 h e quanto maior a concentração do suco
misturado em água, mais rápido é o efeito”, explicou. A primeira patente foi
depositada em 2013 e logo em seguida a substância foi testada em outras fases
da vida do mosquito.
G1 PB